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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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do imperialismo; sem libertação, afirma ele, haverá apenas modernização

(FREIRE 1985, p. 127).

As pessoas que trabalham pela educação para a libertação estão

engajadas, segundo Freire, numa “práxis social [...] ajudando a libertar os

seres humanos da opressão que os sufoca em sua realidade objetiva”. Freire

crê que “a educação verdadeiramente libertadora só pode ser posta em prática

fora do sistema comum, e mesmo assim com grande cautela, por aqueles que

superam sua ingenuidade e se comprometem com a libertação autêntica”

(FREIRE, 1985, p. 125). Para Freire, “a educação libertadora é um processo

pelo qual o educador convida os educandos a reconhecer e desvelar a

realidade criticamente [...] não há sujeitos que libertam e objetos que são

libertados, já que não há dicotomia entre sujeito e objeto”. O libertar é

dialógico (FREIRE, 1985, p. 102).

No capítulo 10 de The politics of education, “Educação, libertação e a

Igreja”, Freire liga a libertação com a Igreja cristã, esclarecendo a

impossibilidade da práxis pascal sem que os cristãos renasçam com os

oprimidos no processo de libertação (FREIRE 1985, p. 123). Ele enfatiza a

importância do envolvimento histórico da Igreja no processo de libertação, o

que pode ser visto na teologia da libertação, na posição explícita da Igreja

Católica com os pobres, documentada pela primeira vez no final da década de

1960 na América Latina.

Interpretações da libertação no pensamento freiriano podem ser vistas na

teologia, na política e na educação, bem como em sua intersecção. Gustavo

Gutiérrez, Leonardo e Clodovis Boff, Enrique Dussel e James Cone são

teólogos da libertação cujas obras há muito foram vinculadas com a de Freire.

A libertação política como a de Guiné Bissau sob a liderança de Amílcar

Cabral é documentada na obra de Freire Cartas à Guiné-Bissau: registros de

uma experiência em processo, em que ele documentou seu trabalho na

alfabetização de adultos no país. Uma reflexão sobre o que significa trabalhar

pela “educação para a libertação numa região urbana contemporânea” (o

título da parte 1 do livro), durante seu período como secretário da Educação

em São Paulo, pode ser vista na Pedagogia da cidade de Freire, bem como

em Education and democracy: Paulo Freire, social movements and

educational reform in São Paulo, de O’Cadiz, Wong e Torres. Como Freire

crê que “a salvação implica libertação”, observa-se que a teologia, a política e

a educação para a libertação são caminhos que lidam com exploração, sua

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