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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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justiça social no sentido da dignidade (FREIRE, 2000; 2008). São capacidades

humanas que precisam ser educadas.

A justiça não é o caminho para levar à homogeneização das relações

humanas, mas a uma verdadeira aprendizagem da democracia e da cidadania

no sentido do viver juntos. Nesse sentido, a justiça é relacionada à luta pela

paz. “A luta pela paz, que não significa luta pela abolição, sequer pela

negação dos conflitos, mas pela confrontação justa, crítica dos mesmos e a

procura de soluções corretas para eles é uma exigência imperiosa de nossa

época. A paz, porém, não precede a justiça. Por isso a melhor maneira de

lutar pela paz é fazer justiça” (FREIRE, 2002, p. 239). No contexto atual de

globalização, uma tarefa fundamental do projeto político-pedagógico é lutar,

no plano interpessoal e no “inter-nacional”, contra todas as formas de

discriminação (entre as quais as mais evidentes são as de classe, de gênero e

de raça), com o objetivo de mudar o mundo no sentido daquilo que Paulo

Freire designa como “unidade na diversidade” (FREIRE, 2004). Para dizê-lo

simplesmente, de acordo com Freire, a justiça consiste em devolver ao ser

humano os meios da sua humanidade.

O conceito de “justiça” destaca-se como um tema central na leitura que

muitos campos de conhecimento inspirados por Freire fazem da sua obra.

Durante a década de 1990, Freire desenvolveu um diálogo com aquilo que é

conhecido na América do Norte como critical pedagogy. Peter McLaren, um

protagonista central da critical pedagogy, alega que a busca de uma ordem

social mais justa faz parte dos critérios importantes que permitam afirmar que

uma pedagogia seja realmente baseada no legado freiriano (MCLAREN, 2000,

p. 162). Vale a pena também notar que a importância do conceito de “justiça”

no legado freiriano destaca-se além do campo da educação. Mencionamos

como exemplo as teorias da Communication for Social Change (CFSC), que

abordam a obra de Paulo Freire sob o ângulo da comunicação e cujos

princípios de ação baseiam-se na participação, na libertação das vozes

marginalizadas, na equidade e na justiça (GUMUCIO-DRAGON et al., 2006).

Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 8.

ed. São Paulo: Ed. UNESP, 2000; FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e

minha práxis. 2. ed. São Paulo: Ed. UNESP, 2002; FREIRE, Paulo. Pedagogy of Hope : Reliving

Pedagogy of the Oppressed. London e New York : Continuum, 2004; FREIRE, Paulo. À sombra desta

mangueira. 8. ed. São Paulo: Olho Dágua, 2006; FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes

necessários à prática educativa. 37. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008; GRIROUX, Henry A.

Democracia. In: STRECK, Danilo R. et al. Dicionário Paulo Freire. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica,

2008. p. 123-127; GUMUCIO-DRAGON, Alfonso; TUFTE, Thomas (Eds.). Communication for Social

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