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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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ação. (2) Pede de seus seguidores o emprego das ciências político-sociais

para o conhecimento e a transformação da realidade. (3) Rejeita os paliativos

assistencialistas e os reformismos mitigantes. (4) Compromete-se com as

classes dominadas para a transformação radical da sociedade. (5) Não

dicotomiza mundanidade de transcendência, nem salvação de libertação. (6)

Não impõe sua denúncia e seu anúncio às classes sociais dominadas. Elas

mesmas, através de sua práxis, tornar-se-ão proféticas, utópicas e

esperançadas. (7) Não se presta ao jogo de ser “refúgio” das massas

populares oprimidas, alienando-as ainda mais com discursos falsamente

denunciantes; pelo contrário, convida-as e as acompanha em um novo Êxodo.

(8) À maneira de Cristo, que não foi um conservador, põe-se constantemente

a caminho, um “caminhar” que é, substancialmente, uma travessia necessária,

na qual tem que “morrer” como classe opressora para renascer como classe

que se liberta libertando. (9) Gera uma fecunda reflexão teológica: a teologia

da libertação, cuja temática não pode ser outra que aquela que surge das

condições objetivas das sociedades dependentes, exploradas, invadidas e da

necessidade de superação real das contradições que explicam essa

dependência. (10) Implementa a educação como práxis política a serviço da

libertação permanente dos homens que não se realiza unicamente em suas

consciências, mas na transformação radical das estruturas em cujo processo

se transformam as consciências.

Em Ação cultural para a liberdade, Freire desenvolve com maior

profundidade o sentido profético e esperançado da educação libertadora.

“Profecia e esperança que resultam do caráter utópico de tal forma de ação,

tornando-se a utopia na unidade inquebrantável entre a denúncia e o anúncio”

(FREIRE, 1981, nota 12, p. 92). Na prática dialógica, os sujeitos educativos

não só analisam uma realidade desumanizante, denunciam, mas, enquanto

denunciam, anunciam sua transformação, abrindo um horizonte de utopia

esperançadora, que, ao mesmo tempo, tensiona as práticas na maximização

do possível. Assim a dimensão profética exige um compromisso histórico. A

denúncia exige uma abordagem analítico-crítica da realidade; igualmente, o

anúncio requer cada vez mais uma teoria da ação transformadora. Formular

desta maneira o caráter permanentemente utópico-profético-esperançado da

própria educação corresponde ao elemento específico do ser humano, que é

sua historicidade. Corresponde igualmente ao caráter histórico em que se

tenha inserido a experiência religiosa. A atividade educacional das igrejas,

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