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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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porque “a educação não foi, não é e nunca poderá ser neutra em relação à

reprodução da ideologia dominante”, e a educação é necessária para “[...] o

idealismo subjetivo que tenta fazer com que o papel da consciência se

encaixe nos fatos da história” (FREIRE, 1998, p. 90-91). Freire sublinhou que

a educação necessita da conscientização das classes populares para promover

a desideologização subjetiva de seu conhecimento obtido por terem sido

educadas por seu(s) opressor(es) (FREIRE, 2005). Esta desideologização é

oposta à necessidade de reproduzir a dominação. Os poderes dominantes

necessitam de uma ideologia da pedagogia opressora para dividir a

solidariedade das pessoas oprimidas; “para manter divididos os oprimidos se

faz indispensável uma ideologia da opressão” (FREIRE, 1970, p. 204). Para

superar a opressão, Freire acreditava que era necessária uma solidariedade

unificadora, afirmando que “para sua união é imprescindível uma forma de

ação cultural através da qual conheçam o porquê e o como de sua ‘aderência’

à realidade [...] É necessário desideologizar” (FREIRE, 1970, p. 204).

Freire escreveu que a ideologia da opressão é promovida pela educação

bancária, desincentivando o diálogo, vendo a educação e o conhecimento

como um processo de inquirição (FREIRE, 1970). A educação bancária coloca

o/a professor/a como a fonte do conhecimento absoluto, deixando o/a

estudante sem qualquer conhecimento de valor. A educação bancária é

opressora, porque o professor se torna o conhecedor, enquanto o estudante é

o outro, o ignorante e o estranho. Isso leva a absolutizar a ignorância e a

objetivar o oprimido dentro da ideologia do opressor que “se reconhece e à

classe a que pertence como os que sabem ou nasceram para saber [...] Os

outros se fazem estranheza para ele” (FREIRE, 1970, p. 156).

Em suas obras posteriores, Freire escreveu sobre a ideologia no contexto

de um mundo globalizante. Freire afirmou que os processos de globalização

controlavam as famílias e escolas: “Era como se família e escola,

completamente subjugadas ao contexto maior da sociedade global, nada

pudessem fazer a não ser reproduzir a ideologia autoritária” (FREIRE, 1992, p.

22). Freire enfatizou que a globalização promove a “ética do mercado”, ou a

ideia de que o neoliberalismo é natural em vez da ética humanista que oferece

a todos os seres humanos a capacidade de sonhar (FREIRE 1998, p. 23). O

neoliberalismo promove a ideologia fatalista, negando uma “perspectiva

democrática, consistente com a natureza humana; o esforço que deveríamos

promover intensivamente precisa favorecer uma compreensão da história

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