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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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HOMEM/SER HUMANO

Domingos Kimieciki

O Homem e a sua humanização são o princípio fundante da arqueologia

de reconstrução social, estruturada ao longo de todo o legado deixado por

Paulo Freire, tanto através da sua vida como da sua obra. O objetivo primeiro

desse projeto reconstrutivista da sociedade, cuja dinâmica estrutural conduz à

dominação das consciências, visa empoderar todos os Seres Humanos para

que eles possam ser, segundo Freire estabelece: “Capazes de intervir no

mundo, de comparar, de ajuizar, de decidir, de romper, de escolher, capazes

de grandes ações, de significantes testemunhos [...]” (2007b, p. 51-52).

Imediatamente, para explicitar melhor esta intenção, cabe expor que,

ao introduzir “A Educação e o Processo de Mudança Social”, Freire

determina: “Não é possível fazer uma reflexão sobre o que é a educação sem

refletir sobre o próprio homem” (2007a, p. 27).

Então, nas reflexões antropológicas freirianas, desponta que o atributo

basilar que define e identifica o Homem é o seu inacabamento, a sua

inconclusão. “Na verdade, diferente dos outros animais, que são apenas

inacabados [...] os homens se sabem inacabados. Têm consciência da sua

inconclusão” (2007d, p. 83-84).

Ao contemplar suas ações, por exemplo, o Homem pode refletir sobre

elas, analisá-las, avaliá-las criticamente, ordená-las quanto à busca de

eficiência para atingir determinado objetivo, para, então, sempre que for

repeti-las, poder realizá-las de forma mais consciente, adequada e criativa,

conseguindo, desse modo, suprir exitosamente suas necessidades e

compartilhar com os outros esse saber.

Como diz Freire: “O homem pode refletir sobre si mesmo e colocar-se

num determinado momento, numa certa realidade: é um ser de busca

constante de ser mais e, como pode fazer esta auto-reflexão, pode descobrirse

como ser inacabado, que está em constante busca” (2007a, p. 27).

A compreensão de Homem enquanto um ser de busca é ainda mais bem

expressa por Freire nos seguintes termos: “Este ser ‘temporalizado e situado’,

ontologicamente inacabado – sujeito por vocação e objeto por distorção –

descobre que não só está na realidade, mas também que está com ela.

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