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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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num desafio, em algo que pode ser mudado. “A construção da ideia do

amanhã, não como algo pré-dado, mas como algo a ser feito, o [oprimido]

leva à assunção de sua historicidade sem a qual a luta é impossível” (FREIRE,

2000b, p. 99).

Em Pedagogia da indignação (2000b), as cartas pedagógicas de Paulo

Freire parecem retomar características e contribuições de toda sua obra,

sobretudo encontramos a historicidade como categoria compreendida para

além de uma simples adjetivação. A educação aparece, mais uma vez, com

um caráter de permanente exercício, como algo que não se dá no vazio, “num

tempo que implica espaço e num espaço temporalizado [...]. A educação tem

historicidade” (FREIRE, 2000b, p. 120). Em Freire, a curiosidade impulsiona o

processo de conhecimento, de inteligência, que, sendo histórica, se acha

submetida a condicionamentos. “Daí que a inteligência do objeto tenha

historicidade, quer dizer, possa variar no tempo e no espaço” (FREIRE, 2000b,

p. 103). Conforme Freire (1996), a atitude crítica é o único modo pelo qual

homens e mulheres realizarão a sua integração, superando a atitude de

simples ajustamento ou de acomodação, pois vendo o ontem, vivendo o hoje

e descobrindo o amanhã, poderão apreender os temas, os desafios e as tarefas

de uma dada época. Porém, continua sua análise dizendo que tanto a

humanização quanto a desumanização depende de sua afirmação como

sujeito ou como objeto da História. Logo, é nesse processo de “captação do

seu tempo” é que se vai construindo a sua qualidade de ser mais na História,

em vez de simples espectador ou espectadora, construindo a sua

historicidade.

De modo geral, encontramos nos livros de Paulo Freire uma relação

direta da historicidade com o saber e com a curiosidade epistemológica. Esta

capacidade interpretativa, reflexiva e qualitativa de ver a relação da produção

do conhecimento dos homens e das mulheres com a história, parte de uma

visão dialética, pois, conforme Freire, “ao ser produzido, o conhecimento

novo supera a outro que antes foi novo e se fez velho e se dispõe a ser

ultrapassado por outro amanhã. Daí que seja tão fundamental conhecer o

conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção

do conhecimento ainda não existente” (FREIRE, 2000a, p. 31). A historicidade

freiriana tem relação com a liberdade e com o desafio da história em

reconhecer a opressão uma vez que: “a mudança do mundo implica a

dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua

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