30.05.2021 Views

Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

H

HEGEL/HEGELIANISMO

Marcos Macedo Caron

Algo, por sua qualidade, em primeiro lugar é finito; em segundo lugar é

mutável, de modo que finitude e mutabilidade pertencem ao seu ser.(Hegel,

2005, p. 188).

Na verdade, o inacabamento do ser, ou a sua inconclusão, é próprio da

experiência vital. Onde há vida, há inacabamento (Freire, 1998, p. 35).

A relação entre Hegel (1770-1831) e Freire (1921-1997) continua sendo

um tema aberto a novos debates e ao desenvolvimento de construções

teóricas. De modo geral, parte-se do consenso de que, ao lado das correntes

fenomenológicas, existencialistas e cristãs libertárias, a dialética de Hegel

exerceu uma influência fundamental sobre o arcabouço teórico freiriano,

particularmente no que tange ao “movimento da consciência” no processo de

reflexão e autorreconhecimento, isto é, na “reflexão em Si mesmo no seu ser-

Outro” (HEGEL, 2000, p. 30). O que se debate, porém, são as formas de

apropriação que Freire faz do sistema hegeliano na construção do seu projeto

político-pedagógico de transformação social.

Paiva (2000), que se posiciona num campo crítico em relação a Freire,

sustenta a hipótese de que essa influência veio de forma indireta e à margem

da tradição marxista, ou seja, por intermédio dos “isebianos históricos” e

intelectuais “marcadamente idealistas” dos anos 1950 e 1960 (p. 45-46).

Nesse caso, destacam-se os trabalhos de cunho existencial-culturalista de

Roland Corbisier e, por provável mediação deste, os escritos de inspiração

hegeliana de Vicente Ferreira da Silva, com o qual a obra de Freire teria

“numerosos pontos de aproximação e até mesmo certa coincidência” (p. 47).

Sob essa perspectiva, é de se supor que Freire compartilhasse a asserção deste

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!