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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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sentindo sem propostas, seja por se envergonhar de suas próprias bandeiras

(desqualificadas), seja por não mais as reconhecer sob a transformação que

sofreram nas hostes adversárias.

Sabiamente Paulo Freire enfrentou a “inevitabilidade” do futuro previsto

nos discursos que defendem a globalização:

A globalização da economia ou os avanços tecnológicos, por exemplo,

não são em si mesmos, perfiladores de um amanhã dado como certo,

espécie de alongamento aprimorado de uma certa expressão do hoje. A

globalização não acaba com a política ao colocar a necessidade de fazê-la

de forma diferente. Se tende a enfraquecer a eficácia das greves na luta

operária não significa, porém, o fim da luta. O fim não é da luta, mas de

uma determinada forma de lutar, a greve. Cabe aos operários reinventar

a maneira de brigar e não se acomodar, passivamente, ante o novo poder.

(Freire, 2000, p. 92 e 93)

Finalmente, voltando sua atenção para o setor educacional, Paulo Freire

deixou uma lição que, para os que têm compromisso com a transformação

social, é quase impossível não assumi-la como única alternativa:

É exatamente porque sei que mudar é difícil mas é possível que eu me

dou ao esforço crítico de trabalhar num projeto de formação de

educadores, por exemplo, ou de operários de construção. De formação e

não de puro treinamento técnico-profissional. Na formação não

dicotomizo a capacitação técnico-científica do educando dos

conhecimentos necessários ao exercício de sua cidadania. Na visão

pragmático-tecnicista, contida em discursos reacionariamente pósmodernos,

o que vale é a transferência de saberes técnicos, instrumentais,

com que se assegure boa produtividade ao processo produtivo. Este tipo

de pragmatismo neoliberal a que mulheres e homens, ontem de esquerda,

aderiram com entusiasmo se funda no seguinte raciocínio, nem sempre

explícito: se já não há classes sociais, portanto seus conflitos também, se

já não há ideologias, direita ou esquerda, se a globalização da economia

não apenas fez o mundo menor mas o tornou quase igual, a educação de

que se precisa hoje não tem nada que ver com sonhos, utopias,

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