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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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“lutando a aprendendo, uns com os outros, a edificar este futuro, que ainda

não está dado, como se fosse destino, como se devesse ser recebido pelos

homens e não criado por eles” (FREIRE, 1983, p. 14).

Dessa maneira, a educação se re-faz constantemente na práxis. “Para ser

tem que estar sendo” (p. 42). “A educação problematizadora, que não é

fixismo reacionário, é futuridade revolucionária. Daí que seja profética e,

como tal, esperançosa” (p. 12). Leandro Konder, inspirado em Brecht, diz

que a realidade injusta no Brasil “por ser como é, não ficará como está”

(1986, p. 47), alimentando a ação revolucionária. “Para mim, uma das

bonitezas do anúncio profético está em que não anuncia o que virá

necessariamente, mas o que pode vir, ou não” (FREIRE, 2000, p. 54). Não há

história sem luta, sem projeto coletivo, sem conflitos, sem movimento de

humanização, e é este conjunto de dimensões que, educando pessoas, pode

vir a libertar. Freire invoca ainda uma categoria medieval da arquitetura

teológica de Molina. Molina perguntava: O que teria ocorrido com a história

se Deus tivesse feito um mundo onde não houvesse possibilidade de livrearbítrio,

e, portanto, de ocorrer o pecado? A pergunta sobre a condição que

não foi, sobre o tempo que poderia ter sido, é sempre revolucionária, desperta

perspectivas. Freire concordaria com Arendt: “É sempre possível insertar na

ação humana aquele renascimento, que tira do tempo sua fatalidade, que

rompe com a mera reprodução do já feito, perspectivas para se poder

respirar” (ARENDT, 2001, p. 258). Todo imobilismo mata. Vale o poeta:

“Tudo o que move é sagrado, e remove as montanhas com todo cuidado, meu

amor!” (Guilherme Arantes).

Referências: ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Alberto Raposo. 10. ed. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 2001; FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1997; FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação. São Paulo: UNESP, 2000; FREIRE, Paulo.

Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983; KONDER, Leandro. O que é dialética? 15.

ed. São Paulo: Brasiliense, 1986; REZENDE, Antonio Muniz de. Concepção fenomenológica da

educação. São Paulo: Cortez e Autores Associados, 1990.

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