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FEMINISMO

Márcia Alves da Silva

Inicialmente, podemos afirmar que Paulo Freire pouco dialogou com o

movimento feminista. Embora possa se afirmar que o feminismo adquiriu

mais visibilidade a partir das correntes teóricas contemporâneas, advindas da

pós-modernidade, é também sabido que o feminismo tem produzido

academicamente há bastante tempo. No entanto, para entendermos o porquê

de seu aparente distanciamento da temática, é preciso primeiramente

contextualizá-la. Mas, afinal, o que é feminismo? “Em sentido amplo,

feminismo designa aqueles e aquelas que se pronunciam e lutam pela

igualdade dos sexos. [...] É um movimento, e não um partido” (PERROT, 2007,

p. 154-155). O feminismo nem sempre é visto de forma positiva, inclusive

pelas próprias mulheres. Muitas reconhecem a produção feminista, mas

fazem questão de afirmar sua não participação nesse movimento. É possível

que isso ocorra em decorrência de influências advindas do patriarcado, que é

constantemente reproduzido também pelas mulheres. Aqui não será

desenvolvida em pormenores essa questão, que merece maior

aprofundamento e que pode incorrer num distanciamento da questão proposta

nesse verbete. A professora e pesquisadora mexicana Marcela Lagarde y de

los Rios, em sua tese de doutorado publicada sob o título Los cautiverios de

las mujeres (2005) desenvolve essa problemática de forma bem consistente.

No entanto, podemos afirmar que o feminismo é tão heterogêneo e tão

variado que é possível nos arriscarmos a denunciar que não existe feminismo

(no sentido de único), mas feminismos (no plural). Portanto, embora

tenhamos essa compreensão, será mantido aqui o termo feminismo, pois não

pretendemos nenhum afastamento da nomenclatura corrente.

Sendo assim, o feminismo acaba agindo por suas alianças políticas,

representando trajetórias muito diversas. O feminismo liberal lutava por uma

ampliação dos direitos de cidadania, atrelado à ideologia liberal de liberdades

individuais, inicialmente influenciado pela obra clássica de John Stuart Mill,

A sujeição das mulheres, de 1869. Assim, mulheres como Mary

Wollstonecraft e Harriet Taylor (viúva de John Taylor e que foi casada com

Mill) inauguraram a produção que chamamos de teoria feminista liberal. Isso,

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