Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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afirmação de que não se pode ser feliz sozinho, assim como não se pode serlivre ou humano sozinho. É por isso que podemos dizer que Paulo fazreferência não apenas à humanidade, mas também à felicidade, quandoafirma: “Não sou se você não é, não sou, sobretudo, se proíbo você de ser”(FREIRE, 1992, p. 100).A felicidade se apresenta como um estado, sujeito, portanto, atransformações, a rupturas. Apesar de ser vivenciada como algo que seaproxima da plenitude, guarda o caráter de finitude e corre riscos, como todaexperiência humana, construída historicamente. Freire diz que “a afirmaçãode que ‘as coisas são assim porque não podem ser de outra forma’ éodientamente fatalista, pois decreta que a felicidade pertence apenas àquelesque têm poder” (FREIRE, 1995, p. 23). Sua concepção, ao contrário, aponta ocaráter utópico da felicidade. Queremos e temos direito – todos – a ser mais,a ser felizes e estamos sempre a caminho nessa jornada ontológica e ética.Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança – Um reencontro com a Pedagogia dooprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992; FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo:Olho d’Água, 1995; MISRAHI, Robert. A felicidade – Ensaio sobre a alegria. Rio de Janeiro: Difel,2001; PRADO, Adélia. Ensinamento. In: Bagagem. Rio de Janeiro: Imago, 1976; RIOS, Terezinha A.Compreender e ensinar – por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez, 2001;SAVATER, Fernando. O conteúdo da felicidade. Lisboa: Relógio d’Água Editores, 1995; SILVA,Franklin Leopoldo e. Felicidade – Dos filósofos pré-socráticos aos contemporâneos. São Paulo:Claridade, 2007.

FEMINISMOMárcia Alves da SilvaInicialmente, podemos afirmar que Paulo Freire pouco dialogou com omovimento feminista. Embora possa se afirmar que o feminismo adquiriumais visibilidade a partir das correntes teóricas contemporâneas, advindas dapós-modernidade, é também sabido que o feminismo tem produzidoacademicamente há bastante tempo. No entanto, para entendermos o porquêde seu aparente distanciamento da temática, é preciso primeiramentecontextualizá-la. Mas, afinal, o que é feminismo? “Em sentido amplo,feminismo designa aqueles e aquelas que se pronunciam e lutam pelaigualdade dos sexos. [...] É um movimento, e não um partido” (PERROT, 2007,p. 154-155). O feminismo nem sempre é visto de forma positiva, inclusivepelas próprias mulheres. Muitas reconhecem a produção feminista, masfazem questão de afirmar sua não participação nesse movimento. É possívelque isso ocorra em decorrência de influências advindas do patriarcado, que éconstantemente reproduzido também pelas mulheres. Aqui não serádesenvolvida em pormenores essa questão, que merece maioraprofundamento e que pode incorrer num distanciamento da questão propostanesse verbete. A professora e pesquisadora mexicana Marcela Lagarde y delos Rios, em sua tese de doutorado publicada sob o título Los cautiverios delas mujeres (2005) desenvolve essa problemática de forma bem consistente.No entanto, podemos afirmar que o feminismo é tão heterogêneo e tãovariado que é possível nos arriscarmos a denunciar que não existe feminismo(no sentido de único), mas feminismos (no plural). Portanto, emboratenhamos essa compreensão, será mantido aqui o termo feminismo, pois nãopretendemos nenhum afastamento da nomenclatura corrente.Sendo assim, o feminismo acaba agindo por suas alianças políticas,representando trajetórias muito diversas. O feminismo liberal lutava por umaampliação dos direitos de cidadania, atrelado à ideologia liberal de liberdadesindividuais, inicialmente influenciado pela obra clássica de John Stuart Mill,A sujeição das mulheres, de 1869. Assim, mulheres como MaryWollstonecraft e Harriet Taylor (viúva de John Taylor e que foi casada comMill) inauguraram a produção que chamamos de teoria feminista liberal. Isso,

afirmação de que não se pode ser feliz sozinho, assim como não se pode ser

livre ou humano sozinho. É por isso que podemos dizer que Paulo faz

referência não apenas à humanidade, mas também à felicidade, quando

afirma: “Não sou se você não é, não sou, sobretudo, se proíbo você de ser”

(FREIRE, 1992, p. 100).

A felicidade se apresenta como um estado, sujeito, portanto, a

transformações, a rupturas. Apesar de ser vivenciada como algo que se

aproxima da plenitude, guarda o caráter de finitude e corre riscos, como toda

experiência humana, construída historicamente. Freire diz que “a afirmação

de que ‘as coisas são assim porque não podem ser de outra forma’ é

odientamente fatalista, pois decreta que a felicidade pertence apenas àqueles

que têm poder” (FREIRE, 1995, p. 23). Sua concepção, ao contrário, aponta o

caráter utópico da felicidade. Queremos e temos direito – todos – a ser mais,

a ser felizes e estamos sempre a caminho nessa jornada ontológica e ética.

Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança – Um reencontro com a Pedagogia do

oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992; FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo:

Olho d’Água, 1995; MISRAHI, Robert. A felicidade – Ensaio sobre a alegria. Rio de Janeiro: Difel,

2001; PRADO, Adélia. Ensinamento. In: Bagagem. Rio de Janeiro: Imago, 1976; RIOS, Terezinha A.

Compreender e ensinar – por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez, 2001;

SAVATER, Fernando. O conteúdo da felicidade. Lisboa: Relógio d’Água Editores, 1995; SILVA,

Franklin Leopoldo e. Felicidade – Dos filósofos pré-socráticos aos contemporâneos. São Paulo:

Claridade, 2007.

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