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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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EXTENSÃO/COMUNICAÇÃO

Hernando Vaca Gutiérrez

Os conceitos aparecem primordialmente no ensaio Extensão ou

comunicação? (1971) de Paulo Freire, escrito em 1968 para o Instituto de

Capacitación e Investigación en Reforma Agrária, em Santiago de Chile.

Nele, através da análise do trabalho de extensão dos agrônomos, se faz uma

crítica radical à estratégia de extensão agrícola para América Latina,

promovida, desde os inícios da década de 1950, pelos Estados Unidos. Os

conceitos são produzidos num contexto em que a libertação (anos 1960 e

1970) é a tônica dominante na América Latina, e o conceito da

“dependência”, de Leopoldo Zea, constitui a estratégia teórica e

metodológica para analisar a realidade.

Freire realiza uma aproximação semântica e gnosiológica ao termo

extensão e à relação entre este e a invasão cultural. Desde o ponto de vista

semântico, o termo extensão se encontra em relação significativa com

transmissão, entrega, doação, messianismo, mecanicismo, invasão cultural,

manipulação, etc. “E todos estes termos envolvem ações que, transformando

o homem em quase “coisa” o negam como um ser de transformação do

mundo” (FREIRE, 1971, p. 22).

O objetivo fundamental do extensionista ao se relacionar com o

camponês é que ele substitua por outro seus “conhecimentos”, associados a

sua ação sobre a realidade, ou seja, por aqueles do extensionista. E aquele

que é “enchido” por outro de conteúdos “sem que seja desafiado, não

aprende” (p. 28), não produz conhecimento. Portanto, para Freire, a extensão

não é uma ação educativa para a “liberdade” senão para a “domesticação”.

Desde o ponto de vista gnosiológico se há algo dinâmico na prática sugerida

por extensão, esse algo se reduz à pura ação de estender.

A seguir, Freire argumenta que a teoria implícita na ação de estender, na

extensão, é uma teoria antidialógica. Como tal é incompatível com uma

autêntica educação. E entre as várias características da teoria antidialógica,

Freire enfatiza a invasão cultural: “O invasor reduz os homens do espaço

invadido a meros objetivos de sua ação” (p. 41) e descaracteriza a cultura

invadida.

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