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EXTENSÃOMaria Stela GracianiO conceito “extensão” é profundamente pensado e refletido por PauloFreire em seu livro Extensão ou comunicação? (1997). Na concepçãofreiriana, os projetos de extensão assumem uma lógica essencial com base navivência do ser humano, que, em suas relações sociais, dá sentido esignificado às palavras, ao seu contexto, na sua cultura e história, comintenção de humanizar o ser humano na ação consciente de interferircriticamente na transformação do mundo. A extensão implica a práticacomunicativa entre os sujeitos que compartilham pensamento, linguagem e ocontexto vivido.A concepção de “extensão”, portanto, está intimamente ligada à de“comunicação eficiente”, quando há coparticipação entre as pessoas,educadores e técnicos. Os intercomunicadores estabelecem a compreensãoem torno da significação do signo que tem o mesmo sentido para ambos.Caso contrário, a comunicação se torna inviável para ambos por falta dacompreensão indispensável. Educador-educando e educando-educador, noprocesso educativo libertador, são ambos sujeitos cognitivos diante deobjetos, palavras, ideias, que os mediatizam, via diálogo problematizador.A perspectiva metodológica da concepção de extensão freiriana, adotadae construída, fundamenta-se nos princípios filosóficos, políticos epedagógicos de sua obra. Nesse sentido, a ação pedagógica se desencadeia ese desenvolve com base na leitura do mundo dos que participam do processoe identificam situações significativas ao seu redor e na realidade em que estãoinseridos. O conhecimento construído, que nasce na relação extencionista,emerge da construção do ato de educar e visa a problematização da realidadee a compreensão crítica e participativa fecundada no mundo vivido.Assim sendo, a preparação a partir da prática, gera a possibilidade decriar, planejar ações de intervenção social que visem à transformação social,uma vez que seus protagonistas são sujeitos de sua construção, através darelação dialógica entre todos os participantes, mediados pela realidade social.Daí a extensão ser uma prática social, inserida na ação educativa em suariqueza, em sua complexidade e, portanto, um fenômeno típico da existência

humana. Por isso, também, toda ação humana ser histórica, pois está inseridaem seu tempo e lugar (FREIRE 1996, p. 54).Para a ampliação do conceito de “extensão” veja as obras: Fiori, JoséLuis. Dialética e Liberdade: Duas dimensões de pesquisa temática. Santiago:ICIRA, 1968; Guiraud, Pierre. La Semântica. Buenos Aires: 1965; Paz,Otavio; Lévi-Strauss, C. O el nuevo Festin de Esopo. México: Ed. JoaquimMortiz, 1957; Saussure, Ferdinand. Curso de Lingüística General. BuenosAires: 1970.Referência: Freire, Paulo. Extensão ou comunicação? São Paulo: Paz eTerra, 1971.

EXTENSÃO

Maria Stela Graciani

O conceito “extensão” é profundamente pensado e refletido por Paulo

Freire em seu livro Extensão ou comunicação? (1997). Na concepção

freiriana, os projetos de extensão assumem uma lógica essencial com base na

vivência do ser humano, que, em suas relações sociais, dá sentido e

significado às palavras, ao seu contexto, na sua cultura e história, com

intenção de humanizar o ser humano na ação consciente de interferir

criticamente na transformação do mundo. A extensão implica a prática

comunicativa entre os sujeitos que compartilham pensamento, linguagem e o

contexto vivido.

A concepção de “extensão”, portanto, está intimamente ligada à de

“comunicação eficiente”, quando há coparticipação entre as pessoas,

educadores e técnicos. Os intercomunicadores estabelecem a compreensão

em torno da significação do signo que tem o mesmo sentido para ambos.

Caso contrário, a comunicação se torna inviável para ambos por falta da

compreensão indispensável. Educador-educando e educando-educador, no

processo educativo libertador, são ambos sujeitos cognitivos diante de

objetos, palavras, ideias, que os mediatizam, via diálogo problematizador.

A perspectiva metodológica da concepção de extensão freiriana, adotada

e construída, fundamenta-se nos princípios filosóficos, políticos e

pedagógicos de sua obra. Nesse sentido, a ação pedagógica se desencadeia e

se desenvolve com base na leitura do mundo dos que participam do processo

e identificam situações significativas ao seu redor e na realidade em que estão

inseridos. O conhecimento construído, que nasce na relação extencionista,

emerge da construção do ato de educar e visa a problematização da realidade

e a compreensão crítica e participativa fecundada no mundo vivido.

Assim sendo, a preparação a partir da prática, gera a possibilidade de

criar, planejar ações de intervenção social que visem à transformação social,

uma vez que seus protagonistas são sujeitos de sua construção, através da

relação dialógica entre todos os participantes, mediados pela realidade social.

Daí a extensão ser uma prática social, inserida na ação educativa em sua

riqueza, em sua complexidade e, portanto, um fenômeno típico da existência

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