Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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comando da res-pública”. Ele mesmo afirma: “Devo ter sido o Secretário deEducação da cidade de São Paulo que menos poder pessoal teve, mas pude,por isso mesmo, trabalhar eficazmente e decidir com os outros” (FREIRE,1993, p. 75).Diante da política neoliberal praticada pelo Estado é enfático: “Não aceitocerta posição neoliberal que vendo perversidade em tudo que o Estado fazdefende uma privatização sui-generis da educação. Privatiza-se a educaçãomas o Estado a financia [...] nada deve ser feito, portanto, no sentido deajudar o Estado elitista a descartar-se de suas obrigações” (FREIRE, 1993, p.77 e 78). Em face da omissão criminosa do Estado diante do seu dever depromover a educação, ele convoca os movimentos populares à luta política:“Jamais deixá-lo em sossego, jamais eximi-lo de sua tarefa pedagógica,jamais permitir que suas classes dominantes durmam em paz” (FREIRE, 1993,p. 21).Reconhecendo a natureza de classe do Estado, nega a ideia de Estadocomo propriedade da classe dominante. Define como terreno de luta e deconfronto de forças e interesses em conflito, sem deixar de denunciar osimpedimentos impostos por ele à realização plena da educação libertadora,razão pela qual defende a revolução que, na sua compreensão, deve ter umcaráter pedagógico, o que chama de revolução cultural, que, por sua vez, nãose faz pelo ativismo, nem pelo discurso, exige uma “teoria da açãotransformadora” que contemple a plenitude da práxis, ressaltando opensamento de Lênin quando afirma que “sem teoria revolucionária nãopoder haver movimento revolucionário” (FREIRE, 2005, p. 46 e 142).Reconhecendo que a prática da educação libertadora exige poder político,afirma a possibilidade de realizá-la antes da revolução. Nesse casocompartilha das concepções de Gramsci de que a revolução não implicasomente a destruição positiva do Estado, mas a construção de um novo tipode Estado, que deve ser organizado antes da conquista do poder, ocasionandouma crise de hegemonia que ocorre quando da separação entre poder edireção. O novo poder “nasce na sociedade velha”, que, no processo desuperação, promove a mudança do poder, ensinando aos seus líderes odiálogo e o próprio poder (FREIRE, 2005, p. 155).Referências: FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000a.; FREIRE,Paulo. Educação como prática de liberdade. 12 ed. Rio de Janeiro: Paz e Tera, 1981; FREIRE, Paulo.Educação e atualidade Brasileira. 2. ed. São Paulo: Cortez e Instituto Paulo Freire, 2002; FREIRE,Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. 2. ed. Rio de Janeiro:

Paz e Terra, 1992; FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 7.reimp. São Paulo: UNESP, 2000b; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 44. ed. São Paulo: Paz eTerra, 2005; FREIRE, Paulo. Política e educação. São Paulo: Cortez, 1993; FREIRE, Paulo;GUIMARÃES, Sergio. Aprendendo com a própria história. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

comando da res-pública”. Ele mesmo afirma: “Devo ter sido o Secretário de

Educação da cidade de São Paulo que menos poder pessoal teve, mas pude,

por isso mesmo, trabalhar eficazmente e decidir com os outros” (FREIRE,

1993, p. 75).

Diante da política neoliberal praticada pelo Estado é enfático: “Não aceito

certa posição neoliberal que vendo perversidade em tudo que o Estado faz

defende uma privatização sui-generis da educação. Privatiza-se a educação

mas o Estado a financia [...] nada deve ser feito, portanto, no sentido de

ajudar o Estado elitista a descartar-se de suas obrigações” (FREIRE, 1993, p.

77 e 78). Em face da omissão criminosa do Estado diante do seu dever de

promover a educação, ele convoca os movimentos populares à luta política:

“Jamais deixá-lo em sossego, jamais eximi-lo de sua tarefa pedagógica,

jamais permitir que suas classes dominantes durmam em paz” (FREIRE, 1993,

p. 21).

Reconhecendo a natureza de classe do Estado, nega a ideia de Estado

como propriedade da classe dominante. Define como terreno de luta e de

confronto de forças e interesses em conflito, sem deixar de denunciar os

impedimentos impostos por ele à realização plena da educação libertadora,

razão pela qual defende a revolução que, na sua compreensão, deve ter um

caráter pedagógico, o que chama de revolução cultural, que, por sua vez, não

se faz pelo ativismo, nem pelo discurso, exige uma “teoria da ação

transformadora” que contemple a plenitude da práxis, ressaltando o

pensamento de Lênin quando afirma que “sem teoria revolucionária não

poder haver movimento revolucionário” (FREIRE, 2005, p. 46 e 142).

Reconhecendo que a prática da educação libertadora exige poder político,

afirma a possibilidade de realizá-la antes da revolução. Nesse caso

compartilha das concepções de Gramsci de que a revolução não implica

somente a destruição positiva do Estado, mas a construção de um novo tipo

de Estado, que deve ser organizado antes da conquista do poder, ocasionando

uma crise de hegemonia que ocorre quando da separação entre poder e

direção. O novo poder “nasce na sociedade velha”, que, no processo de

superação, promove a mudança do poder, ensinando aos seus líderes o

diálogo e o próprio poder (FREIRE, 2005, p. 155).

Referências: FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000a.; FREIRE,

Paulo. Educação como prática de liberdade. 12 ed. Rio de Janeiro: Paz e Tera, 1981; FREIRE, Paulo.

Educação e atualidade Brasileira. 2. ed. São Paulo: Cortez e Instituto Paulo Freire, 2002; FREIRE,

Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. 2. ed. Rio de Janeiro:

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