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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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ESPONTANEÍSMO

Conceição Paludo

Ainda que ligeiramente, é possível dizer que, na terminologia política,

espontaneísmo se refere à revolução social e, nela, a necessidade, ou não, de

uma direção forte. Essa dicotomia, na prática política, levou ao uso dos

termos “vanguardismo”, para os que acreditam ser necessária a ação de

pessoas individualmente e de partidos, e “basismo”, para os que, de algum

modo, possuem posições antivanguardistas. Na teoria do conhecimento, este

termo relaciona-se com as posições “apriorísticas” ou “empiristas”, o que

demandaria maior ou menor participação dos seres humanos no processo de

conhecimento da realidade.

Freire (2003), no que tange a essa dicotomia, que se refere ao papel da

objetividade e da subjetividade nas relações dos homens com o mundo,

afirma a dialeticidade existente entre ambas. Para ele, confundir a

subjetividade com subjetivismo (ou espontaneísmo) seria negar o papel dos

homens no processo histórico e na transformação da realidade, como se

pudessem existir “homens sem mundo” (p. 37), o que é próprio das visões

ingênuas; por outro lado, confundir objetividade com objetivismo seria o

mesmo que admitir um “mundo sem homens”, o que é comum nas visões

mecanicistas (p. 37).

Aproximando-se de Marx (1974), para Freire, sendo a realidade produto

da ação dos homens e se esta se volta contra eles e os condiciona,

“transformar a realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa dos homens”. É

por isso que somente “através da “práxis autêntica, que não “sendo blábláblá,

nem ativismo, mas ação e reflexão”, é possível fazê-lo” (p. 38).

Na obra Pedagogia da esperança (1992), referindo-se às críticas que lhe

foram feitas, Freire reafirma sua compreensão da educação como prática

política e da dialeticidade das relações “mundo-consciência-prática-teorialeitura-do-mundo-leitura-da-palavra-contexto-texto”

(p. 106). É assim que,

para ele, não pode haver a imposição da leitura de mundo ãs classes

populares; assim como não pode haver complacência e, em nome do respeito

à cultura popular, uma adaptação ao “saber de experiência” feito.

Em Freire (1992), a posição dialética e democrática implica a intervenção

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