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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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Referindo-se a si mesmo, afirma que: “é porque me abro sempre à

aprendizagem que posso ensinar também”. E convida: “Aprendamos

ensinando-nos” (FREIRE, 1991a, p. 26)). Nesse sentido, ensinar e aprender

estão intimamente ligados à pesquisa. Trata-se de compreender a

historicidade do conhecimento e, portanto, que “Ensinar, aprender e

pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o em que se

ensina e se aprende o conhecimento já existente e o em que se trabalha a

produção do conhecimento ainda não existente” (1996, p. 31). A respeito

dessa relação entre ensino e pesquisa, Paulo Freire posiciona-se,

enfaticamente, na Pedagogia da autonomia (1996, p. 32):

Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador. No meu

entender o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou

uma forma de ser ou de atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da

natureza da prática docente a indagação, a busca a pesquisa. O de que se

precisa é que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se

assuma, porque professor, como pesquisador.

Para além da dimensão epistemológica, também merece destaque a ênfase

atribuída por Freire à dimensão estética das relações que se estabelecem entre

o ensinar e o aprender (FREITAS, 2001). De modo especial, nas obras da

década de 1990, o autor enfatiza sua compreensão de que “aprendemos,

ensinamos, conhecemos com o nosso corpo inteiro. Com os sentimentos, com

as emoções, com os desejos, com os medos, com as dúvidas, com a paixão e

também com a razão crítica. Jamais com esta apenas” (1993a, p. 10). Em

defesa da alegria nas relações de ensinar e aprender, Paulo Freire escreve o

“Prefácio à edição brasileira” da obra Alunos felizes, de Georges Snyders,

argumentando que “a alegria na escola fortalece e estimula a alegria de viver

[...] lutar pela alegria na escola é uma forma de lutar pela mudança do

mundo” (1993b, p. 9-10).

Cognição e emoção implicam-se mutuamente no processo em que a

leitura de mundo precede a leitura da palavra. De igual modo, a leitura da

palavra amplia a leitura de mundo, sobretudo porque, para Freire, não é

possível dissociar os processos de ensinar e de aprender de sua dimensão

política. Curioso é seu depoimento acerca da própria aprendizagem a este

respeito: “Num certo momento da minha trajetória, da minha experiência, eu

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