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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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A educação, sozinha, não tem condições de construir uma sociedade

emancipada. A exclusão social, a globalização econômica e as políticas

neoliberais excludentes consolidam, em nível nacional e mundial, um

capitalismo que “amplia a sua capacidade de produção de mercadorias,

acúmulo de capital e geração de riquezas” (ZITKOSKI, 2007). Nesse sentido, o

trabalho de formação da educação popular também deve exercitar processos

de emancipação individual e coletiva, estimulando e possibilitando a

intervenção no mundo, a partir de um sonho ético-político da superação da

realidade injusta. Tal intervenção se dá num fazer cotidiano e também

histórico, atravessado de desafios, utopias, sonhos, resistências e

possibilidades.

Segundo Freire (2000), a luta pela transformação social, para aquele que

se posiciona como progressista, pode acontecer em diferentes lugares e

momentos: “Tanto se verifica em casa, nas relações pais, mães, filhos, filhas,

quanto na escola [...] ou nas relações de trabalho. O fundamental, se sou

coerentemente progressista, é testemunhar [...] o meu respeito à dignidade do

outro ou da outra” (p. 55).

O projeto de emancipação defendido por Paulo Freire também contempla

o chamado multiculturalismo, no qual o direito de ser diferente numa

sociedade dita democrática, enquanto uma liberdade conquistada de cada

cultura, também deve proporcionar um diálogo crítico entre as diversas

culturas, com o objetivo de ampliar e consolidar os processos de

emancipação.

Mesmo com todas as lutas e as várias “marchas”, que aconteceram nas

últimas décadas, contrárias às diferentes formas de opressão e dominação

social, Paulo Freire defende que o projeto de uma sociedade emancipada só

será efetivado realmente na sociedade socialista, apesar das dificuldades de

concretizá-la no final dos anos 1990, mas não deixa de ser, no seu entender,

“visível” e “tão palpável”. Segundo ele, o esfacelamento do mundo socialista

autoritário deixou muitas “mentes, antes bem comportadas, estupefatas,

atônitas, desconcertadas” (FREIRE, 1997a, p. 96) pelas distorções autoritárias,

desgostos totalitários e cegueira sectária. Porém, ainda há uma possibilidade

extraordinária de continuar sonhando e lutando pelo sonho socialista.

Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia – saberes necessários a prática educativa.

6. ed. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1997a.; FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança – um reencontro

com a Pedagogia do oprimido. 4. ed. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1997b.; FREIRE, Paulo. Pedagogia

da indignação – cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000; FREIRE,

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