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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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EMANCIPAÇÃO

Carlos Eduardo Moreira

A emancipação humana aparece, na obra de Paulo Freire, como uma

grande conquista política a ser efetivada pela práxis humana, na luta

ininterrupta a favor da libertação das pessoas de suas vidas desumanizadas

pela opressão e dominação social. As diferentes formas de opressão e de

dominação existentes em um mundo apartado por políticas neoliberais e

excludentes não retiram o direito e o dever de homens e mulheres mudarem o

mundo, através da rigorosidade da análise da sociedade, com vivências de

necessidades materiais e subjetivas que contemplem a festa, a celebração e a

alegria de viver (FREIRE, 2000).

O processo emancipatório freiriano decorre de uma intencionalidade

política declarada e assumida por todos aqueles que são comprometidos com

a transformação das condições e de situações de vida e existência dos

oprimidos, contrariamente ao pessimismo e fatalismo autoritário defendidos

pela Pós-Modernidade, como aponta o professor Jaime José Zitkoski (2006),

e ao mecanicismo etapista do marxismo ortodoxo, que afirma o processo de

transformação social como sendo “certo” e “inevitável”.

No livro Pedagogia do oprimido (1991), Paulo Freire defende uma

pedagogia para homens e mulheres se emanciparem, mediante uma luta pela

libertação, que só faz sentido se os oprimidos buscarem a reconstrução de sua

humanidade e realizarem “a grande tarefa humanística e histórica dos

oprimidos – libertar-se a si e aos opressores” (p. 30). Essa libertação de todos

é, para Freire, um verdadeiro “parto”, do qual nascem homens e mulheres

“novos”, em relações de liberdade, igualdade e emancipação.

Nesse processo histórico, a educação popular contribui enquanto um

instrumento e um espaço necessário para a construção de processos de

libertação, diante da problematização e reflexão crítica inseridas na realidade

das pessoas e das classes oprimidas. Dessa forma, o educador comprometido

com a construção de um projeto político transformador constrói a sua

docência voltada para a autonomia do educando, valorizando e respeitando a

sua cultura e o seu acervo de conhecimentos empíricos junto à sua

individualidade (FREIRE, 1997a).

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