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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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Freire, ao destacar o fato que o “educador é político enquanto educador, e

o político é educador pelo simples fato de ser político”, dedica parte de seus

escritos à compreensão do educador popular e do educador como intelectual

orgânico – um educador “suicida de classe”, “revolucionário”, “dos

oprimidos”, “das classes trabalhadoras”, “problematizador, e não bancário”.

Educador “dirigente e organizador”, no sentido gramsciano, de quem se

aproxima muito, utilizando várias de suas categorias de análise. Busca, no

caminho desse autor, três direções para entender quem educa o educador,

pois acredita, como Marx (1984, p. 108), que “os homens modificados são

produto de circunstâncias diferentes e de educação modificada”. Na primeira,

defende que o educador, como todos os homens, é educado na e pela

transformação da sociedade e de si próprio; na segunda, como “intelectualficando-novo

em suicídio de classe,” é educado pelas classes populares, e, na

terceira, o educador é formado na escola, apesar dos limites e condicionantes

do “aparelho escolar” como reprodutor dos interesses da continuidade da

dominação.

Freire acredita e luta pela construção de uma “contra-hegemonia”, uma

educação “de resistência”, uma educação “para a autonomia e para a

capacidade de dirigir” no interior das instituições escolares, pois pensa que

isso se constitui, em si, um processo pedagógico concreto de formação do

educador. Nessa perspectiva, pode-se dizer que o papel do educador é

contribuir com a força da especificidade de sua atuação pedagógica para

transformar a escola e que sua formação, além da competência técnica,

compreende um aprendizado político, inerente a todas as escolhas e decisões.

Para Freire, portanto, conhecer e transformar não constituem dualidades da

ação educativa, mas aspectos distintos de uma mesma unidade, mediante a

práxis histórica do ser humano que, por sua vez, indica um tempo de

possibilidades, e não de determinismos.

Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.

São Paulo: Paz e Terra, 1996; FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a

Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992; FREIRE, Paulo. Pedagogia: diálogo e

conflito. São Paulo: Cortez, 1985; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz

e Terra, 1987a.; FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro:

Paz e Terra, 1987b.; MARX, Karl; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Cortez/Moraes, 1984.

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