30.05.2021 Views

Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

meio de ações autênticas, respeitosas da humanização do educando, da

“problematização” da realidade, da significação, do sentido dado ao ato

cognoscente. Indica, a propósito, que “o objeto cognoscível, em lugar de ser

o término do ato cognoscente de um sujeito, é mediatizador de sujeitos

cognoscentes” (1987a, p. 78); ao defender o educador problematizador,

mostra-nos que ele constrói, “constantemente, seu ato cognoscente, na

cognoscitividade dos educandos que, em lugar de serem recipientes dóceis de

depósitos, são agora investigadores críticos, em diálogo com o educador,

investigador crítico, também” (1987a, p. 69).

Na obra Pedagogia da esperança (1992), Freire ressalta o quanto o

educando precisa se assumir como tal, mas assumir-se como educando

significa reconhecer-se como sujeito que é capaz de conhecer e que quer

conhecer na relação com o outro sujeito (educador) igualmente capaz de

conhecer. Freire quer dizer com isso que “o educando se torna realmente

educando quando e na medida em que conhece, ou vai conhecendo os

conteúdos, os objetos cognoscíveis, e não na medida em que o educador vai

depositando nele a descrição dos objetos, ou dos conteúdos” (p. 47).

Acrescenta, em Pedagogia da autonomia (1996), a importância do

educador “saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (p. 52).

Freire nos mostra, em Pedagogia e conflito (1985), o quanto o educador

problematizador faz do objeto de conhecimento uma mediação da relação

educador-educando e, da apreensão/conquista dele, um “caminho de

libertação”, de conscientização, da humanização.

Ao discutir o educador como problematizador, Freire também introduz a

dimensão da diretividade e da não neutralidade. Para ele, é “fato inconteste

que a natureza do processo educativo é sempre diretiva” (1985, p. 76) e que o

educador tem papel distinto do educando, embora sempre aberto à sua

educação. Mostra-nos, em Medo e ousadia (1987b, p. 187), que precisamos

aceitar a natureza diretiva da educação, o que nunca lhe permite ser neutra.

“Temos que dizer aos alunos como pensamos e por que. Meu papel não é

ficar em silêncio. Tenho que convencer meus alunos do meu sonho, mas não

conquistá-los para meus planos pessoais”. Descarta, dessa forma, a

manipulação, o que implicaria uma atitude autoritária e antidialógica, e

mostra-nos o quanto o ato educativo e o educador/educando são políticos e

resultam de um verdadeiro exercício de ética democrática.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!