30.05.2021 Views

Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

derivada da chamada “pedagogia das competências”, em que a educação

profissional (sua concepção e estruturação curricular e conteúdos) passa a ser

regida por uma orientação estritamente pragmática e técnico-operacional,

com base na trilogia do saber ser, saber fazer e saber pensar. Como

contraponto, outras vertentes conceituais defendem orientações mais

globalizantes, entendendo a educação como um processo multifacetado,

permanente que propicia aos trabalhadores se desenvolver como sujeitos e

cidadãos. Essas vertentes, sob diversas designações – educação/formação

politécnica, educação e formação omnilateral –, tendem a privilegiar, além

das bases técnico-científicas que servem de base a uma profissão/ofício ou

ocupação, o desenvolvimento de temas e questões relacionadas com: o

trabalho/trabalhador (em sua dimensão subjetiva e objetiva), sua história,

cultura e como sujeito construtor de cidadania.

Qual entre essas concepções de educação profissional é mais afinada com

uma conceptualização Freiriana? Paulo Freire, em seus escritos sobre

educação de jovens e adultos, não desenvolveu explicitamente teses sobre as

questões da educação para e no trabalho. Contudo, algumas premissas podem

ser lidas nas entrelinhas de seus vários escritos, quando se refere à educação,

à cultura popular, à cultura dos trabalhadores e dos oprimidos em geral.

Assim sendo, fica difícil mencionar referências específicas e pontuais de sua

obra sobre o tema. Em um dos seus últimos trabalho, Pedagogia da

indignação, quando se refere ao papel da educação frente ao avanço da

tecnologia moderna, ressalta:

[...] a formação técnico-científica de que precisamos é muito mais do que

puro treinamento ou adestramento para o uso de procedimentos

tecnológicos. No fundo a educação de adultos como a educação em geral

não podem prescindir do exercício de pensar criticamente a própria

técnica [...] A compreensão crítica da tecnologia é a que vê nela uma

intervenção crescentemente sofisticada no mundo a ser necessariamente

submetida a um crivo político e ético [...] Uma ética, a serviço das gentes

de sua vocação ontológica, a do ser mais e não de uma ética estreita e

malvada, como a do lucro, a do mercado [...] (Freire, 2000, p. 101-102).

Com base nessa formulação e com tudo o que Freire escreve sobre a

educação crítica, problematizante e progressista, é possível afirmar que, para

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!