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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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experiências da Nicarágua e de Cuba. Nos anos 1960, no Brasil, foram os

movimentos de cultura popular os grandes sementeiros de ideias e de

implementação de experiências (FÁVERO, 1983).

Freire se torna, nos anos referidos, o principal idealizador e, na

atualidade, um dos principais inspiradores da educação popular, enquanto

uma das concepções de educação do povo.

O tema da educação das classes populares, largamente denominadas de

oprimidas ou, então, de povo, perpassa e é o centro de sua obra. É na sua

mais importante obra, a Pedagogia do oprimido (2003), na qual amplia seu

referencial teórico, dialogando com autores que comungam do ideário

marxista: Lênin, Marcuse, Fromm, Kosic, Lukács, etc., que o autor discute,

com profundidade, a relação entre opressores e oprimidos, evidenciando a

dimensão política da educação e contrapondo concepções educativas.

Para Freire (2003), nessa relação, os oprimidos são submetidos à “invasão

cultural”, ao “silenciamento” da sua palavra e a constantemente

“desumanização”, o que os impede de concretizar a sua “vocação ontológica”

na direção de “ser mais” e de sua “humanização”. Assim, na situação de

opressão, a consciência do oprimido, na relação com o mundo, expressa

“imersão”, “fatalismo” e “autodesvalia”.

A Pedagogia do oprimido, que não pode ser teorizada e praticada pelos

opressores (p. 133), é um instrumento para a descoberta e de transformação,

pelos oprimidos, de sua situação de opressão: “da situação limite”, ao

“percebido destacado” e, deste, ao “ato limite” e ao “inédito viável”. É,

portanto, Educação Libertadora, problematizadora, que se contrapõe à

Educação Bancária, domesticadora. Ela se concretiza como Ação cultural

para a liberdade. É ação realizada “com os oprimidos e não para eles”, seja

na escola, seja no processo de mobilização ou de organização popular para a

luta, defesa dos direitos e reivindicação da justiça.

Em Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do

oprimido (2006), Freire retoma as críticas a ele feitas, mantém e explicita as

teses centrais da Pedagogia do oprimido.

Em À sombra desta mangueira (1995), posiciona-se diante da perspectiva

pós-moderna, dialoga sobre a sua experiência de gestão da Secretaria

Municipal de São Paulo e de sua “insistência para que a escola pública se

tornasse popular e democrática, isto é, menos autoritária e elitista” (p. 47).

Em síntese, para Freire, a expressão educação popular designa a educação

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