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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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meus exercícios na escola. Daí que esta não fosse para mim uma ameaça à

minha curiosidade, mas um estímulo a ela. Se o tempo que levava

brincando e buscando, livre, no meu quintal, não era igual ao que vivia

na escola, não tinha nele, porém, um oposto que, só em ser pensado, me

fizesse mal. Um tempo se escoava no outro e me sentia bem em ambos.

Em última análise, embora guardando sua especificidade, a escola não

punha entre parênteses minha alegria de viver. Alegria de viver que me

vem marcando a vida inteira. Menino ainda, nos tempos mais difíceis de

Jaboatão. Homem feito nos tempos de nosso exílio. Alegria de viver que

tem que ver com o meu otimismo, que, sendo crítico, não é paralisante,

por isso mesmo me empurrando sempre até o engajamento em formas de

ação compatíveis com a minha opção política.

Infelizmente, aquela coincidência acima referida, entre minha alegria de

viver no quintal de minha casa e a mesma alegria nas minhas experiências

de escola, não foi a tônica durante os meus anos de escolaridade. (Freire,

2003, p. 56)

Paulo Freire explicita o que se exige da educação quando trata da criança

pequena. O profissional da educação da criança pequena possui uma tarefa

que, sendo prazerosa, é também exigente: de seriedade, de preparo científico,

de preparo físico, emocional e afetivo. É uma tarefa que requer um gosto

especial de querer bem não só aos outros, mas ao próprio processo que ela

implica.

Na introdução do livro A paixão de conhecer o mundo (1993), de

Madalena Freire, filha de Paulo Freire, sobre Educação Infantil, está a

referencia à influência do pai na “Escola da Vila”: “Líamos cuidadosamente

todos os livros que o ‘grande pai’ enviava dos Estados Unidos e de Genebra”

(p. 13, aspas das autoras).

Para garantir a prática coerente no compromisso com a criança pequena

se exige que o educador se assuma e lute pelos seus direitos como

profissional. Educação Infantil não é campo para amadorismo.

A tentativa de reduzir a professora à condição de tia é uma “inocente”

armadilha ideológica em que, tentando se dar a ilusão de adocicar a vida

da professora o que se tenta é amaciar a sua capacidade de luta ou

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