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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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participativo e comunitário.

A educação de adultos, numa perspectiva de educação popular, está

intimamente ligada à vida e à obra de Paulo Freire, a seu compromisso

político e social com suas raízes, o Nordeste brasileiro. Freire exerceu o cargo

de diretor do setor de Cultura do Serviço Social da Indústria (SESI) de 1947 a

1954 e, posteriormente, de 1954 a 1957, o de superintendente do órgão, local

onde teve contato com a educação de adultos/trabalhadores. Também se

engajou em movimentos de educação popular, e foi um dos fundadores do

Movimento de Cultura Popular (MCP), de Recife, inspirando, sua proposta

de educação de adultos, ações desenvolvidas por educadores do Movimento

de Educação de Base (MEB), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil (CNBB), pelos Centros de Educação Popular organizados pela União

Nacional dos Estudantes (UNE) e por movimentos de cultura popular

apoiados por administrações municipais. Sua tese de doutorado, Educação e

atualidade brasileira, defendida em 1959, foi publicada mais tarde, com

algumas mudanças, sob o título de A educação como prática de liberdade

(FREIRE, 1969). Nessa obra, Freire apresenta de forma detalhada seu método

de alfabetização, problematizando-o como uma resposta, no campo

pedagógico, às condições da fase de transição da sociedade brasileira da

época.

Nesse contexto, propõe a educação como um processo de emancipação

humana a serviço da transformação social – uma educação libertadora – em

contraposição a uma educação bancária, que serve à dominação. Segundo

Freire (1979, p. 24), “a educação, como prática de liberdade, é um ato de

conhecimento, uma aproximação crítica da realidade”, o que envolve um

processo de conscientização. Nessa perspectiva, o homem é concebido não

como objeto, mas como sujeito da ação educativa, e é fundamental a

participação dos sujeitos no processo de problematização da realidade e da

ação. Assim, uma educação problematizadora implica um “momento de

reflexão, que parte de uma realidade concreta e onde se organiza um projeto

de ação, que deverá converter-se em ação efetiva sobre a realidade”

(JANNUZZI, 1979, p. 31); implica também o respeito e a consideração do

conhecimento e a experiência dos sujeitos envolvidos no processo. Trata-se,

na educação de adultos, de propor aos educandos o desvelamento do mundo

mediante o método de problematização da realidade e de uma relação

dialógica. Nesse sentido, todo o processo de educação de adultos implica o

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