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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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EDUCAÇÃO DE ADULTOS

Rute Baquero

A problematização da formação de pessoas adultas é questão de cerne na

obra de Paulo Freire, que a concebe de forma vinculada à questão da

alfabetização numa perspectiva de educação emancipatória, uma vez que

compreende a alfabetização para além de uma aprendizagem mecânica da

técnica de codificação e decodificação, mas como leitura de mundo. Nesse

sentido, todo o processo de educação de adultos implica o desenvolvimento

crítico da leitura do mundo, o qual envolve um trabalho político de

conscientização. Segundo Freire (1981), a aprendizagem da leitura e escrita

assume significado à medida que o educando, simultaneamente com o

domínio do mecanismo da formação vocabular, vai percebendo o sentido da

linguagem, “quando vai percebendo a solidariedade entre a linguagem –

pensamento e realidade, cuja transformação, ao exigir novas formas de

compreensão, coloca também a necessidade de novas formas de expressão”

(1981, p. 24).

A educação de adultos se define no cenário da política educacional

brasileira, a partir da década de 1940, através da criação do Serviço de

Educação de Adultos e do desenvolvimento da Campanha de Educação de

Adultos, ambos em 1947. Embora não tenha obtido sucesso, sendo extinta

antes do final da década de 1950, a campanha fomentou a discussão teórica

em torno da educação de adultos e do analfabetismo e suas consequências

psicossociais, conforme assinala a Ação Educativa (1997). É na década de

1960, no entanto, que ocorre a produção de um paradigma pedagógico

próprio à educação de adultos, com o trabalho de Paulo Freire, que

desenvolve uma proposta metodológica específica para a alfabetização de

adultos (DI PIERRO et al., 2001). A proposta de Freire se assenta nos

princípios da educação popular, da qual ele foi um dos grandes inspiradores.

Entre as dimensões fundamentais desse paradigma, cabe destacar a

compreensão da educação como um ato político; como um ato de

conhecimento e não como simples transferência de conhecimento; como um

ato dialógico no descobrimento rigoroso da razão de ser das coisas, a noção

de uma ciência aberta às demandas populares; a importância do planejamento

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