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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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A prática bancária subordina o educando, sufocando o gosto pela

rebeldia, reprimindo a curiosidade, desestimulando a capacidade de desafiarse,

de arriscar-se, tornando-o um sujeito passivo. Contrapondo-se a essa

tendência, Giroux (1983), ancorado em Freire, enfatiza que o pensamento

dialético fortalece o pensamento crítico, o que representa a possibilidade de

desmascarar a ideia de pensamento acabado, das certezas, da realidade

homogênea e estática.

Já os pressupostos da concepção de uma educação problematizadora,

segundo Freire (1987), estão fundados na crença da humanização dos

educadores e dos educandos. Em razão disso, a função do educador que

problematiza o objeto de ensino é a de possibilitar aos educandos condições

para que ocorra “a superação do conhecimento no nível da doxa pelo

verdadeiro conhecimento, o que se dá no nível do logos” (FREIRE, 1987, p.

71). Isso posto, cabe ao educador também “problematizar aos educandos o

conteúdo que os mediatiza” (FREIRE, 1983, p. 81), ou seja, não é sua função

dissertar, expor, estender, entregar, dar, já que o conhecimento não consiste

em algo elaborado, formatado, acabado, estático. Para Freire (1983), o ato de

problematizar é um ato dialético, uma vez que ao sujeito que problematiza é

muito difícil que não se sinta comprometido com o processo que instaura.

Na perspectiva problematizadora, a educação desafia a procurar a

emersão das consciências, para que aconteça a inserção crítica do sujeito na

realidade, facilitando a construção da consciência reflexiva e politizada

acerca dos fios que tecem a realidade social. Assim, a educação

problematizadora precisa centrar suas preocupações para “o aprofundamento

da tomada de consciência que se opera nos homens enquanto agem, enquanto

trabalham” (FREIRE, 1983, p. 76). Todavia, é necessário não cair na armadilha

de que teoria e prática se diluem uma na outra. Apropriadamente, Giroux

(1983) assegura que teoria e prática são interrelacionadas e, portanto,

passíveis de mediações por meio da análise crítica.

O aprimoramento do processo de tomada de consciência nas reflexões de

Freire (1983) não constitui um mero esforço de caráter intelectualista e

individualista. É um processo que se realiza nas relações entre o sujeito e o

mundo, constituindo-se em relações de transformação e inaugurando a

“conscientização”. Desse modo, a educação problematizadora constitui-se no

resultado da confrontação homem-mundo; mundo aqui entendido como a

realidade concreta, a qual se desvela de forma objetiva para o educando.

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