Dicionario-Paulo-Freire-versao-1
A educação, para Paulo Freire, é ainda práxis, isto é, uma profundainteração necessária entre prática e teoria, nesta ordem. E, em decorrência darelação entre a dimensão política e a dimensão gnosiológica da relaçãopedagógica, a prática precede e se constitui como princípio fundante dateoria. Esta, por sua vez, dialeticamente, dá novo sentido à prática,especialmente se for uma teoria crítica, ou seja, resultante de uma leituraconsciente do mundo e de suas relações naturais e sociais.Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 1.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996; FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com aPedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1992; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 11. ed.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
EDUCAÇÃO BANCÁRIA/EDUCAÇÃOPROBLEMATIZADORAJerônimo SartoriFreire, partindo da ideia de libertar os oprimidos da sua condição de“coisas”, ao mesmo tempo em que vê na educação essa possibilidade, expõea sua certeza de que não será por meio da educação protagonizada pela eliteque se poderá chegar à libertação. Começa, então, a dar corpo para suaproposta de educação procurando caracterizar a educação bancária fortementeentranhada nos processos educativos da época e, concomitantemente,delimitar uma proposta de educação libertadora, isto é, que possibilite libertaros sujeitos das amarras da opressão. Ao teorizar uma proposta de educaçãoproblematizadora, Freire destaca que a libertação não consiste em umadoação ou em bondade das camadas dominantes, mas que ela pode seconcretizar como resultado da construção da consciência.A produção da consciência, como também aborda Gadotti (1985), realizasena luta de classes, no antagonismo que se manifesta, por exemplo, entre osinteresses da classe dominante e os da classe operária. Com referência àeducação, há forte contradição, e os pensadores liberais detêm o discurso deque no âmbito político e no âmbito pedagógico não se deve considerar a lutade classes (GADOTTI, 1985). Tanto Freire quanto Gadotti provaramsobejamente que o ato pedagógico, essencialmente um ato político, sedesenvolve num momento histórico datado, situado, perpassado porinteresses de classe, portanto não desconexos, desinteressados e neutros.De acordo com Freire (1987), os pressupostos da educação bancária seassentam na narração alienada e alienante. Ou seja, há a perspectiva deeducar para a submissão, para a crença de uma realidade estática, bemcomportada,compartimentada, para a visão de um sujeito acabado, concluso.A educação bancária, nesse sentido, repercute como um anestésico, que inibeo poder de criar próprio dos educandos, camuflando qualquer possibilidadede refletir acerca das contradições e dos conflitos emergentes do cotidiano emque se insere a escola, o aluno. Na perspectiva freiriana, a educação bancáriatem o propósito de manter a imersão, a reprodução da consciência ingênua,da acriticidade.
- Page 185 and 186: Popular e da dimensão educadora de
- Page 187 and 188: Entretanto, tanto a primeira quanto
- Page 189 and 190: mesmo uma boa parte daquilo que se
- Page 191 and 192: CURIOSIDADE EPISTEMOLÓGICAAna Lúc
- Page 193 and 194: Paulo Freire é relevante consultar
- Page 195 and 196: e ao currículo, entre os quais se
- Page 197 and 198: não há sem a discente é uma prá
- Page 199 and 200: moldaram consistentemente nosso rel
- Page 201 and 202: reconhecia a importância de compre
- Page 203 and 204: DIALÉTICAJaime José ZitkoskiA ori
- Page 205 and 206: 1977, v. II).Nesse sentido, Freire
- Page 207 and 208: radicalmente oposto à Educação B
- Page 209 and 210: um compromisso ético com a palavra
- Page 211 and 212: DIREITOS HUMANOSSolon Eduardo Annes
- Page 213 and 214: conhecimento e em busca de ser mais
- Page 215 and 216: resistem a mudanças globais da soc
- Page 217 and 218: DISCÊNCIA/DOCÊNCIAMaria Isabel da
- Page 219 and 220: DISCIPLINAGomercindo GhiggiPara pen
- Page 221 and 222: Diferentemente do acima posto, a di
- Page 223 and 224: organização do conteúdo program
- Page 225 and 226: DIZER A SUA PALAVRAFabio da Purific
- Page 227 and 228: geradores.Referências: FREIRE, Pau
- Page 229 and 230: la, não são caminhos de libertaç
- Page 231 and 232: interdependência fundamental de to
- Page 233 and 234: II. A vida da Vida. 3. ed. Traduç
- Page 235: imperativo existencial e histórico
- Page 239 and 240: Para Freire (1996, p. 28), a educa
- Page 241 and 242: participativo e comunitário.A educ
- Page 243 and 244: EDUCAÇÃO E INFÂNCIAEuclides Redi
- Page 245 and 246: entretê-la no exercício de tarefa
- Page 247 and 248: experiências da Nicarágua e de Cu
- Page 249 and 250: EDUCAÇÃO PROFISSIONALSilvia Maria
- Page 251 and 252: ele, a educação profissional deve
- Page 253 and 254: discência, as duas se implicam e e
- Page 255 and 256: Freire, ao destacar o fato que o
- Page 257 and 258: A educação, sozinha, não tem con
- Page 259 and 260: EMPODERAMENTOPedrinho GuareschiConc
- Page 261 and 262: ENGAJAMENTOBalduino AndreolaFoi-me
- Page 263 and 264: Freire. São Paulo: Vozes, 2006; MO
- Page 265 and 266: concepção libertadora da educaç
- Page 267 and 268: não pensei em política, num outro
- Page 269 and 270: objetivo, e situar-se nesse mundo;
- Page 271 and 272: revelar; mas, o que aqui é dito j
- Page 273 and 274: das periferias, dos cidadãos que s
- Page 275 and 276: ESCOLA CIDADÃDaniel SchugurenskyEm
- Page 277 and 278: processos de decisão participativo
- Page 279 and 280: ESCREVER/ESCRITARemí KleinJá na o
- Page 281 and 282: ITERRA, 2001; BRANDÃO, Carlos Rodr
- Page 283 and 284: e os “fios comuns” entre as dif
- Page 285 and 286: sustentação aos fios que se ligam
EDUCAÇÃO BANCÁRIA/EDUCAÇÃO
PROBLEMATIZADORA
Jerônimo Sartori
Freire, partindo da ideia de libertar os oprimidos da sua condição de
“coisas”, ao mesmo tempo em que vê na educação essa possibilidade, expõe
a sua certeza de que não será por meio da educação protagonizada pela elite
que se poderá chegar à libertação. Começa, então, a dar corpo para sua
proposta de educação procurando caracterizar a educação bancária fortemente
entranhada nos processos educativos da época e, concomitantemente,
delimitar uma proposta de educação libertadora, isto é, que possibilite libertar
os sujeitos das amarras da opressão. Ao teorizar uma proposta de educação
problematizadora, Freire destaca que a libertação não consiste em uma
doação ou em bondade das camadas dominantes, mas que ela pode se
concretizar como resultado da construção da consciência.
A produção da consciência, como também aborda Gadotti (1985), realizase
na luta de classes, no antagonismo que se manifesta, por exemplo, entre os
interesses da classe dominante e os da classe operária. Com referência à
educação, há forte contradição, e os pensadores liberais detêm o discurso de
que no âmbito político e no âmbito pedagógico não se deve considerar a luta
de classes (GADOTTI, 1985). Tanto Freire quanto Gadotti provaram
sobejamente que o ato pedagógico, essencialmente um ato político, se
desenvolve num momento histórico datado, situado, perpassado por
interesses de classe, portanto não desconexos, desinteressados e neutros.
De acordo com Freire (1987), os pressupostos da educação bancária se
assentam na narração alienada e alienante. Ou seja, há a perspectiva de
educar para a submissão, para a crença de uma realidade estática, bemcomportada,
compartimentada, para a visão de um sujeito acabado, concluso.
A educação bancária, nesse sentido, repercute como um anestésico, que inibe
o poder de criar próprio dos educandos, camuflando qualquer possibilidade
de refletir acerca das contradições e dos conflitos emergentes do cotidiano em
que se insere a escola, o aluno. Na perspectiva freiriana, a educação bancária
tem o propósito de manter a imersão, a reprodução da consciência ingênua,
da acriticidade.