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EDUCAÇÃO

José Eustáquio Romão

Para Paulo Freire, não existe a educação, mas educações, ou seja, formas

diferentes de os seres humanos partirem do que são para o que querem ser.

Basicamente, as várias “educações” se resumem a duas: uma, que ele chamou

de “bancária”, que torna as pessoas menos humanas, porque alienadas,

dominadas e oprimidas; e outra, libertadora, que faz com que elas deixem de

ser o que são, para serem mais conscientes, mais livres e mais humanas. A

primeira é formulada e implementada pelos(as) que têm projeto de

dominação de outrem; a segunda deve ser desenvolvida pelos(as) que querem

a libertação de toda a humanidade.

O impulso que leva o ser humano à educação é ontológico, ou seja,

decorre de sua própria natureza:

É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação

como processo permanente. Mulheres e homens se tornam educáveis na

medida em que se reconheceram inacabados. Não foi a educação que fez

mulheres e homens educáveis, mas a consciência de sua inconclusão é

que gerou sua educabilidade. (Freire, 1996, p. 64)

Como todos os seres da natureza, homens e mulheres são incompletos,

inconclusos e inacabados; mas, diferentemente de todos os seres da natureza,

sua ontologia específica os faz conscientes da incompletude, do

inacabamento e da inconclusão, impulsionando-os para a plenitude, para o

acabamento e para a conclusão, portanto, para a educação, pela qual podem

superar o que são (incompletos, inconclusos e inacabados) para o que querem

ser (plenos, concluídos e acabados).

A natureza humana, de acordo com a teoria freiriana, pode ser

identificada também pela esperança: “É também na inconclusão de que nos

tornamos conscientes e nos inserta no movimento permanente de procura que

se alicerça a esperança” (FREIRE, 1997, p. 64). Aliás, citando a si mesmo,

neste texto, Freire relembra e reforça esta última dimensão da especificidade

da ontologia humana: “Não sou esperançoso por pura teimosia, mas por

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