Dicionario-Paulo-Freire-versao-1
DIRETIVIDADEJerônimo SartoriDiretividade, no entendimento de Freire, constitui o caminho viável quepode ser dado à educação para que ela possibilite ao educando emancipar-se,considerando sempre as suas manifestações e representações. A concepçãodemocrática de educação de Freire (1986) não coloca a diretividade comouma posição autoritária; ela considera que a prática educativa para produziros efeitos esperados, a conscientização e a libertação do ser humano não podeser desenvolvida numa posição de laissez-faire.Romão (1991), ao abordar o permanente reencontro com a Pedagogia dooprimido, ressalta que é preciso substituir o modo de reflexão mágica oualienada por uma forma de apreensão da realidade crítico-dialética, para queocorra a conscientização acerca de como se reproduzem os mecanismosideológicos na sociedade de classes. Embora o ato pedagógico impliquerelação, de certo modo, hierarquizada, Freire potencializa o ir-e-vir da práticapedagógica como a possibilidade, por meio da reflexão, de desvelar nocontexto sócio-histórico as alternativas de práticas educativascompromissadas com a libertação do homem. Freire (1986, p. 135) esclareceque[...] quando critico a manipulação, não quero cair num falso e inexistentenão direcionamento da educação. Isto é, para mim, a educação é semprediretiva, sempre. A questão é saber em que direção e com quem ela édiretiva. Esta é a questão. Não acredito na autolibertação. A libertação éum ato social.A educação libertadora, por ser um ato social, não se consolida por meiode práticas empreendidas por um educador reacionário que, ao se manifestara favor de uma atitude não diretiva ou da neutralidade, reproduz o discurso daclasse dominante. Um discurso falaz desta natureza, sem dúvida, expressa afalta de direção da prática educativa, ou seja, põe às claras que a educaçãoque ele defende não tem fundamentação teórica de diretriz alguma. Umaanálise revela a dificuldade de romper com as estruturas pedagógicas que
resistem a mudanças globais da sociedade. São práticas em que apotencialidade criativa do aluno é reprimida e, consequentemente, a(re)produção da consciência ingênua e a manutenção do status quo sãofortalecidas.Já na perspectiva da ação pedagógica do educador radical é necessário“saber sobre a resistência para compreender o discurso da resistência, parapropiciar estruturas pedagógicas que possibilitem que os alunos seemancipem” (FREIRE, 1990, p. 86). Enfim, o educador libertador não podetolher a liberdade do educando, manipulando-o ou abandonando-o a suaprópria sorte. Todavia, na perspectiva freiriana, não pode se furtar de dar umadireção à sua prática educativa.Para Freire (1986), o professor necessita assumir o papel diretivo deeducar, não para ficar no posto de comando, mas com a responsabilidade deorganizar e orientar o estudo sério sobre determinado objeto, desafiando osalunos a refletirem acerca da existência do objeto indicado, bem como de suarelação com a realidade social presente.No horizonte da prática do educador libertador está a postura “radicaldemocrática, porque ela almeja a diretividade e a liberdade ao mesmo tempo,sem nenhum autoritarismo do professor e sem a licenciosidade dos alunos(FREIRE, 1986, p. 203). A prática do educador libertador, de forma alguma,pode ser considerada um processo de dominação, já que ao dominarinevitavelmente se criam mitos acerca da realidade, isto é, atribui-se umacaricatura maquiada da realidade. Ao contrário, uma aula organizada edesenvolvida no horizonte da libertação ilumina a realidade, pois o objeto deestudo ao ser explorado favorece o desvelamento dos mitos da realidade,modificando a percepção e a compreensão do real.Para Haddad (1996), ao buscar esclarecer o imaginário simbólico dopensamento ingênuo e de questões polêmicas, Freire deixa claro aos seuscríticos o valor dos conhecimentos curriculares (conteúdos) no processoeducativo formal, os quais têm um caráter diretivo na prática educativa.Portanto, ao educador radical compete “disciplinar” a educação, esclarecendosobre a existência da diferença de papéis na relação professor-aluno, na açãode um educador idealista e de um educador revolucionário. Tambémnecessita deixar claro a importância da aula expositiva e que a insensatez dosilenciamento das vozes dos educandos quando há possibilidade departiciparem e debaterem sobre a exposição do professor gera a alienação.
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resistem a mudanças globais da sociedade. São práticas em que a
potencialidade criativa do aluno é reprimida e, consequentemente, a
(re)produção da consciência ingênua e a manutenção do status quo são
fortalecidas.
Já na perspectiva da ação pedagógica do educador radical é necessário
“saber sobre a resistência para compreender o discurso da resistência, para
propiciar estruturas pedagógicas que possibilitem que os alunos se
emancipem” (FREIRE, 1990, p. 86). Enfim, o educador libertador não pode
tolher a liberdade do educando, manipulando-o ou abandonando-o a sua
própria sorte. Todavia, na perspectiva freiriana, não pode se furtar de dar uma
direção à sua prática educativa.
Para Freire (1986), o professor necessita assumir o papel diretivo de
educar, não para ficar no posto de comando, mas com a responsabilidade de
organizar e orientar o estudo sério sobre determinado objeto, desafiando os
alunos a refletirem acerca da existência do objeto indicado, bem como de sua
relação com a realidade social presente.
No horizonte da prática do educador libertador está a postura “radical
democrática, porque ela almeja a diretividade e a liberdade ao mesmo tempo,
sem nenhum autoritarismo do professor e sem a licenciosidade dos alunos
(FREIRE, 1986, p. 203). A prática do educador libertador, de forma alguma,
pode ser considerada um processo de dominação, já que ao dominar
inevitavelmente se criam mitos acerca da realidade, isto é, atribui-se uma
caricatura maquiada da realidade. Ao contrário, uma aula organizada e
desenvolvida no horizonte da libertação ilumina a realidade, pois o objeto de
estudo ao ser explorado favorece o desvelamento dos mitos da realidade,
modificando a percepção e a compreensão do real.
Para Haddad (1996), ao buscar esclarecer o imaginário simbólico do
pensamento ingênuo e de questões polêmicas, Freire deixa claro aos seus
críticos o valor dos conhecimentos curriculares (conteúdos) no processo
educativo formal, os quais têm um caráter diretivo na prática educativa.
Portanto, ao educador radical compete “disciplinar” a educação, esclarecendo
sobre a existência da diferença de papéis na relação professor-aluno, na ação
de um educador idealista e de um educador revolucionário. Também
necessita deixar claro a importância da aula expositiva e que a insensatez do
silenciamento das vozes dos educandos quando há possibilidade de
participarem e debaterem sobre a exposição do professor gera a alienação.