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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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declarações internacionais.

Enquanto Freire, internacionalmente, igualava o ato de educar ao ato de

libertar da opressão, os direitos humanos assumiam o compromisso de

defender a vida daqueles que, internamente, lutavam pela redemocratização.

A anistia e a redemocratização representaram um novo tempo para os direitos

humanos. As mediações de Dom Paulo Evaristo Arns e da Comissão de

Justiça e Paz de São Paulo possibilitaram o retorno dos exilados, entre eles

Paulo Freire, ao Brasil. A partir desta nova conjuntura política, os diálogos

sobre democracia e sobre os direitos humanos, ganharam corpo na sociedade

e, em consequência, nos diferentes níveis de educação.

Já no Brasil, Freire passou a assessorar a Rede Brasileira de Educação e

Direitos Humanos, da qual teve apoio. Como secretário de Educação da

cidade de São Paulo organizou seminário, em conjunto com a Rede, sobre

direitos humanos. “O projeto Educar para os Direitos Humanos desenvolvido

pela Comissão [de Justiça e Paz/SP] foi um grande serviço prestado à rede

municipal de ensino. Serviço que há vinte anos vem sendo dado aos

injustiçados e oprimidos” (FREIRE, 1993).

Para a Rede Brasileira, educar em direitos humanos significa assumir o

primeiro direito fundamental, o direito de ser pessoa para além dos

privilégios e das desigualdades. Educar para os direitos humanos e para a

cidadania é, portanto, ter consciência dos próprios direitos, entre eles o direito

à educação como desenvolvimento de todas as potencialidades humanas. Na

compreensão de Freire, a educação deve ser para fazer o homem sujeito de

sua ação, isto é, torná-lo capaz de assumir com plenitude a sua condição de

cidadão, de assumir compromissos e ser por eles responsável.

A educação para os direitos humanos e para a participação cidadã é a luta

pela democracia e pelo seu constante aperfeiçoamento. “Não é possível atuar

em favor da igualdade, do respeito aos demais, do direito à voz, à

participação, à reinvenção do mundo, num regime que negue à liberdade de

trabalhar, de comer, de falar, de criticar, de ler, de discordar, de ir e vir, a

liberdade de ser” (FREIRE, 1994, p. 192).

Assim, para Freire, a conquista dos direitos humanos, e da democracia,

decorre dos embates sócio-históricos que as sociedades travam

constantemente. A educação pode ser um agente da afirmação histórica dos

direitos humanos quando o ato pedagógico se constitui como um exercício

continuado do diálogo entre educadores e educandos mediados pelo

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