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DIÁLOGO/DIALOGICIDADEJaime José ZitkoskiA proposta de uma educação humanista-libertadora em Freire tem nodiálogo/dialogicidade uma das categorias centrais de um projeto pedagógicocrítico, mas propositivo e esperançoso em relação a nosso futuro.Em Pedagogia do oprimido, Freire (1993) elabora uma fundamentaçãoteórico-filosófica sobre as condições do diálogo verdadeiro e seu papelcentral para uma educação libertadora. No terceiro capítulo desse mesmolivro, Freire retoma a concepção do diálogo como processo dialéticoproblematizador.Ou seja, através do diálogo podemos olhar o mundo e anossa existência em sociedade como processo, algo em construção, comorealidade inacabada e em constante transformação.Nessa perspectiva, o diálogo é a força que impulsiona o pensar críticoproblematizadorem relação à condição humana no mundo. Através dodiálogo podemos dizer o mundo segundo nosso modo de ver. Além disso, odiálogo implica uma práxis social, que é o compromisso entre a palavra ditae nossa ação humanizadora. Essa possibilidade abre caminhos para repensar avida em sociedade, discutir sobre nosso ethos cultural, sobre nossa educação,a linguagem que praticamos e a possibilidade de agirmos de outro modo deser, que transforme o mundo que nos cerca.Segundo Freire (1993, p. 77), palavra assume o sentido de dizer o mundoe fazer o mundo. Ou seja, palavra verdadeira é práxis social comprometidacom o processo de humanização, em que ação e reflexão estão dialeticamenteconstituídas:[...] ação e reflexão, de tal forma solidárias, em um interação tão radicalque, sacrificada, ainda que em parte, uma delas, se ressente,imediatamente, a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis.Daí que dizer a palavra verdadeira seja transformar o mundo. (p. 77)Ao longo do capítulo 3º de Pedagogia do oprimido, Freire explicitou ascondições do diálogo verdadeiro e sua implicação para uma EducaçãoHumanizadora, coerente com o desafio da libertação humana. De modo

radicalmente oposto à Educação Bancária, o diálogo freiriano deve começarjá na “busca do conteúdo programático”, em que estão implicados saberesdiferentes, que não podem ser impostos por alguém, mas podem emergir apartir da comunicação crítica e esperançosa sobre nossa condição no mundo.O desafio freiriano é construirmos novos saberes a partir da situaçãodialógica que provoca a interação e a partilha de mundos diferentes, mas quecomungam do sonho e da esperança de juntos construirmos nosso ser mais.A escolha ou definição dos Temas Geradores e do conteúdo programáticode uma educação libertadora e, para além da educação formal, de toda relaçãopedagógica – seja entre pais-filhos, educador-educandos, político-povo –precisa estar alicerçada, desde sua origem, em uma metodologia coerentecom esse objetivo. Esse desafio implica, segundo Freire (1993, p. 87):[...] uma metodologia que não pode contradizer a dialogicidade daeducação libertadora. Daí que seja igualmente dialógica. Daí queconscientizadora também, proporcione, ao mesmo tempo, a apreensãodos “temas geradores” e a tomada de consciência dos indivíduos emtorno dos mesmos.Freire nos desafia para que todo projeto de educação que pretende serlibertadora comece por sua própria coerência metodológica, que implica apostura dialógica como fundamento primordial do processo libertador. Ouseja, a educação começa pelo exemplo do educador ao mostrar seu “jeito deser” aos educandos e dar testemunho prático de suas convicções políticofilosóficas.Em Pedagogia da autonomia (1997), ao retomar a importância da posturadialógica e da prática da dialogicidade de uma educação humanizadora,Freire (1997, p. 153) refere-se à importância da educação corporificada noexemplo. “Testemunhar a abertura aos outros, a disponibilidade curiosa àvida, a seus desafios, são saberes necessários à prática educativa”. Essaabertura só pode efetivar-se pelo diálogo crítico e criativo em relação àexistência humana concreta.Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997; FREIRE,Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1993; ZITKOSKI, Jaime J. Paulo Freire & aEducação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

radicalmente oposto à Educação Bancária, o diálogo freiriano deve começar

já na “busca do conteúdo programático”, em que estão implicados saberes

diferentes, que não podem ser impostos por alguém, mas podem emergir a

partir da comunicação crítica e esperançosa sobre nossa condição no mundo.

O desafio freiriano é construirmos novos saberes a partir da situação

dialógica que provoca a interação e a partilha de mundos diferentes, mas que

comungam do sonho e da esperança de juntos construirmos nosso ser mais.

A escolha ou definição dos Temas Geradores e do conteúdo programático

de uma educação libertadora e, para além da educação formal, de toda relação

pedagógica – seja entre pais-filhos, educador-educandos, político-povo –

precisa estar alicerçada, desde sua origem, em uma metodologia coerente

com esse objetivo. Esse desafio implica, segundo Freire (1993, p. 87):

[...] uma metodologia que não pode contradizer a dialogicidade da

educação libertadora. Daí que seja igualmente dialógica. Daí que

conscientizadora também, proporcione, ao mesmo tempo, a apreensão

dos “temas geradores” e a tomada de consciência dos indivíduos em

torno dos mesmos.

Freire nos desafia para que todo projeto de educação que pretende ser

libertadora comece por sua própria coerência metodológica, que implica a

postura dialógica como fundamento primordial do processo libertador. Ou

seja, a educação começa pelo exemplo do educador ao mostrar seu “jeito de

ser” aos educandos e dar testemunho prático de suas convicções políticofilosóficas.

Em Pedagogia da autonomia (1997), ao retomar a importância da postura

dialógica e da prática da dialogicidade de uma educação humanizadora,

Freire (1997, p. 153) refere-se à importância da educação corporificada no

exemplo. “Testemunhar a abertura aos outros, a disponibilidade curiosa à

vida, a seus desafios, são saberes necessários à prática educativa”. Essa

abertura só pode efetivar-se pelo diálogo crítico e criativo em relação à

existência humana concreta.

Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997; FREIRE,

Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1993; ZITKOSKI, Jaime J. Paulo Freire & a

Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

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