Dicionario-Paulo-Freire-versao-1
história.Esse processo dialético-dialógico, que assume constantemente novosmodos e/ou níveis de elaboração e afirmação da vida em sociedade, jamaisteria um ponto de chegada final, pois se assim fosse, a história se fecharia emsi mesma e negaria sua própria natureza, constituída de contradições, tensõese conflitos, que nos impulsionam para novos sentidos da vida humana.Homens e mulheres, ao longo da história, vimo-nos tornando animaisdeveras especiais: inventamos a possibilidade de nos libertar na medidaque nos tornamos capazes de nos perceber como inconclusos, limitados,condicionados, históricos. Percebendo, sobretudo, também, que a purapercepção da inconclusão [...] não basta. É preciso juntar a ela a lutapolítica pela transformação do mundo. (Freire, 1994, p. 100)No diálogo aberto, o exercício da argumentação dos sujeitos participantesdele garante que as posições diferentes tenham iguais condições de seremouvidas, debatidas e avaliadas com base no processo de construção dialógicado mundo humano. Então, a construção dialética freiriana confere um sentidoinovador e uma fundamentação diferente, desde a construção lógico-racionalda experiência humana no mundo até a produção cultural das formas deorganização da sociedade e sua recriação através da história, porque as raízesprofundas de seu processo efetivo visam à libertação da humanidade e não aocontrole dela à semelhança de uma visão histórica determinista, que,infelizmente, a tradição da dialética hegeliano-marxista reproduziu nosúltimos séculos.Outro aspecto inovador na proposta dialética freiriana revela-seigualmente a partir de sua posição fronteiriça entre modernidade e pósmodernidade(GIROUX, 1998). Freire persegue uma síntese original entre osaspectos positivos da modernidade e a necessidade de superação dela a partirde uma visão pós-moderna, que não renuncie à utopia de um projetoemancipatório da sociedade. Mas, por outro lado, ele faz críticas profundas àmoldura opressora e dominante intrínseca ao “projeto da modernidade”europeia, que prometia emancipar os povos de outros continentes e produziu,na prática, profundas sequelas de exclusão social e desumanização daspessoas, sem contar a destruição das culturas dos “povos colonizados” e deseu Mundo Vivido que sofreram o impacto das conquistas europeias (DUSSEL,
1977, v. II).Nesse sentido, Freire comunga com as críticas pós-modernas diante doeurocentrismo (intrínseco ao projeto iluminista), que impôs um modelo devida alienante, necrófilo e destrutivo para os diferentes povos do mundo todoatravés de uma invasão cultural opressora, desumana e destrutiva para asculturas diferentes do núcleo ocidental. Entretanto, as posições de Freireafastam-se de uma pós-modernidade conservadora, que justifica a realidadedo mundo atual tal e qual existe ao concebê-la como algo natural, inexorávelou mesmo intransponível. Ou seja, “a ideia da inexorabilidade do futurocomo algo que virá necessariamente de certa maneira constitui o que venhochamando de fatalismo libertador, ou libertação fatalista, quer dizer, aquelaque virá como uma espécie de doação da história” (FREIRE, 1994, p. 102).Portanto, essa perspectiva da dialética-dialógica em Freire implicaconceber a essencial abertura da vida humana para o mundo, a partir da quala história e, principalmente, o futuro humano, continuam a reservar surpresase novidades através de novas construções de formas ou modelos de vida. Énessa dimensão de futuro da história que se fundamenta a esperança e autopia como traços constitutivos da própria natureza humana (FREIRE, 1993).Dessa forma, entendemos que Freire buscou elaborar novas basesfilosóficas (antropológica, epistemológica, política e eticamente), que nosoportunizam discutir alternativas para a sociedade e a existência humana nacontemporaneidade – capaz de garantir um sentido libertador, humanista,radicalmente democrático e solidário na organização, produção e recriação davida em sociedade.Referências: CIRNE-LIMA, Luis A. Dialética para principiantes. Porto Alegre: Edpucrs, 1996;DUSSEL, Henrique. Para uma ética da libertação latino americana. São Paulo: Loyola, 1977. v. II;FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. São Paulo: Paz e Terra, 1994; FREIRE, Paulo. Pedagogia dooprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1993; GIROUX, Henri. Paulo Freire e a política do pós colonialismo.In: Paulo Freire: poder, desejo e memórias da libertação. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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história.
Esse processo dialético-dialógico, que assume constantemente novos
modos e/ou níveis de elaboração e afirmação da vida em sociedade, jamais
teria um ponto de chegada final, pois se assim fosse, a história se fecharia em
si mesma e negaria sua própria natureza, constituída de contradições, tensões
e conflitos, que nos impulsionam para novos sentidos da vida humana.
Homens e mulheres, ao longo da história, vimo-nos tornando animais
deveras especiais: inventamos a possibilidade de nos libertar na medida
que nos tornamos capazes de nos perceber como inconclusos, limitados,
condicionados, históricos. Percebendo, sobretudo, também, que a pura
percepção da inconclusão [...] não basta. É preciso juntar a ela a luta
política pela transformação do mundo. (Freire, 1994, p. 100)
No diálogo aberto, o exercício da argumentação dos sujeitos participantes
dele garante que as posições diferentes tenham iguais condições de serem
ouvidas, debatidas e avaliadas com base no processo de construção dialógica
do mundo humano. Então, a construção dialética freiriana confere um sentido
inovador e uma fundamentação diferente, desde a construção lógico-racional
da experiência humana no mundo até a produção cultural das formas de
organização da sociedade e sua recriação através da história, porque as raízes
profundas de seu processo efetivo visam à libertação da humanidade e não ao
controle dela à semelhança de uma visão histórica determinista, que,
infelizmente, a tradição da dialética hegeliano-marxista reproduziu nos
últimos séculos.
Outro aspecto inovador na proposta dialética freiriana revela-se
igualmente a partir de sua posição fronteiriça entre modernidade e pósmodernidade
(GIROUX, 1998). Freire persegue uma síntese original entre os
aspectos positivos da modernidade e a necessidade de superação dela a partir
de uma visão pós-moderna, que não renuncie à utopia de um projeto
emancipatório da sociedade. Mas, por outro lado, ele faz críticas profundas à
moldura opressora e dominante intrínseca ao “projeto da modernidade”
europeia, que prometia emancipar os povos de outros continentes e produziu,
na prática, profundas sequelas de exclusão social e desumanização das
pessoas, sem contar a destruição das culturas dos “povos colonizados” e de
seu Mundo Vivido que sofreram o impacto das conquistas europeias (DUSSEL,