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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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encontravam-se como “ação cultural para a liberdade”, título até de uma obra

sua (1979). Vivenciando “a cultura como aquisição sistemática da

experiência humana” (FREIRE, 1980, p.109), todos, letrados ou iletrados, são

fazedores de cultura, criam e recriam condições que os tornam sujeitos

críticos, respondendo pela reflexão-ação-reflexão à curiosidade

epistemológica. É assim que a vida vai sendo criada e recriada por homens e

mulheres que aceitam e respondem aos desafios, alterando e dominando

continuamente a natureza, dinamizando e humanizando sua realidade, enfim

“acrescentando algo a ela de que ele mesmo é o fazedor. Vai temporalizando

os espaços geográficos. Faz cultura” (p. 43).

O homem como um ser de relações está no mundo e com o mundo,

enfrentando os desafios que a natureza lhe coloca, precisando, inicialmente,

encontrar meios para responder às suas necessidades básicas de

sobrevivência. Pelo trabalho instala um processo de transformação que

produz, num primeiro nível, uma cultura de subsistência que lhe permite

sobreviver. Assim faz a casa, suas roupas, seus instrumentos de trabalho,

criando, também modos de relacionar-se com os outros e com os processos

cósmicos, com divindades e consigo mesmo. Com isso, se reconhece como

sujeito que, ao interferir e transformar os elementos que estão à sua

disposição na natureza e no mundo que o rodeia, produz cultura, expressa de

diferentes modos e com diferentes linguagens, humanizando aquilo que toca,

quer pertencendo a uma cultura letrada ou iletrada.

Essa humanização se dá à medida que homens e mulheres respondendo a

uma necessidade transcendental, espiritual e estética fazem cultura,

manifestando determinados padrões de comportamento e representações da

vida vivida. Essa transformação do mundo só tem sentido para Paulo Freire

quando cada um coloca-se como sujeito e todos participam, tendo como

efeito a democratização da cultura que se efetiva pela educação como prática

da liberdade, título até de uma obra sua (FREIRE, 1980). Tal democratização

da cultura exige que coletivamente homens e mulheres participem de ações

transformadoras num processo dialético de denúncia e anúncio, manifestando

empowerment, isto é, um empoderamento político-social (FREIRE, 1987,

121S) para agir no entremeio das redes sociais por “uma nova ética fundada

no respeito às diferenças” (FREIRE, 1997, p. 157).

Pelo apresentado, eu diria que houve a produção de uma cultura freiriana

que matizou política e pedagogicamente o fazer docente e discente,

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