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CRITICIDADE

Carlos Eduardo Moreira

A criticidade, para Freire, é a capacidade do educando e do educador

refletirem criticamente a realidade na qual estão inseridos, possibilitando a

constatação, o conhecimento e a intervenção para transformá-la. Essa

capacidade exige um rigor metodológico, que combine o “saber da pura

experiência” com o “conhecimento organizado”, mais sistematizado. O seu

principal objetivo é fazer com que as pessoas e as classes oprimidas, que

aceitam esse desafio, possam pensar certo e se constituírem como sujeitos

históricos e sociais, que pensam, criticam, opinam, têm sonhos, se

comunicam e dão sugestões (FREIRE, 1997).

Na Pedagogia do oprimido (1987), Paulo Freire concebe pensar certo

como a condição primeira para superar a curiosidade ingênua e construir um

conhecimento crítico como base para a práxis transformadora. Nesse sentido,

ação e reflexão são dois polos do movimento dialético do pensar certo que,

juntas, oportunizam o diálogo e o debate sobre o mundo. Portanto, o pensar

certo é o pensar crítico que deve fundamentar uma pedagogia da libertação,

que, problematizando as condições da existência humana no mundo, desafia

para a luta e a busca de superação das condições de vida desumanizadoras.

Essa luta só pode partir dos oprimidos, segundo Freire, e precisa ser

reforçada com os autênticos humanistas que, se solidarizando com eles,

juntos, lutam por um mundo mais justo.

O educador necessário para esse projeto deve possuir uma posição de

sujeito, e não de simples objeto de sua história, e defender, de forma coerente,

um processo de libertação que favoreça a vocação ontológica do ser humano

de ser mais, enquanto uma forma ética de se comportar e testemunhar: “a

quem quer que seja [...] que os fatos sociais, econômicos, históricos não se

dão desta ou daquela maneira porque assim teriam de dar-se. Mais ainda, que

não se acham imunes a nossa ação sobre eles” (FREIRE, 2000, p. 60). O

educador também deve refletir e aperfeiçoar permanentemente a prática

educativa mediante um diálogo intenso e aberto com os educandos e uma

análise crítica da própria realidade, em favor da autonomia dos educandos e

do próprio educador.

Nesse processo de reflexão crítica da curiosidade ingênua, para que

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