Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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exponho-me a mim próprio, no mundo, aos outros, através dele escapo àsolidão dum pensamento que mais não seria do que pensamento do meupensamento. Recusando-se a entregar-me a mim próprio, inteiramentetransparente, lança-me a mim próprio, inteiramente transparente, lançamesem cessar para fora de mim, na problemática do mundo e nas lutasdo homem. Através das solicitações dos sentidos lança-me no espaço,através do seu envelhecimento ensina-me o tempo, através da sua mortelança-me na eternidade. (p. 51)Como esses autores, Freire (1996) mostra que é importante repensar ocorpo na educação; que se constitui socialmente, assim como os conhecimentos. Deve-se buscar novas formasde relações sociais, em que o homem, a mulher, as crianças possamconstituir-se como pessoas capazes de lançar-se para fora de si, interferindono mundo, transformando-se.Já McLaren (1991) afirma que toda prática social, incluindo a de serescolarizado, exige o corpo. Se os corpos se constroem mediados pelahistória e, por isso, estão carregados dos valores da sociedade na qual estãoinseridos, é preciso que a educação parta da realidade dos educadores, daseducadoras e das crianças, mas que não se limite apenas a ela. É necessárioque a escola atue no sentido de considerar a importância do corpo, enfim, queseja capaz de construir uma corporeidade solidária.Talvez possamos pensar em uma sensibilidade dialógica, mediante umcorpo - corpo consciente, nos dizeres de Freire (1991, p. 92) como apossibilidade de: “O ato rigoroso de saber o mundo da capacidadeapaixonada de saber. Eu me apaixono não só pelo mundo, mas pelo próprioprocesso curioso de conhecer o mundo”.Freire (1987) dá indicativos de que o corpo, na concepção “bancária” deeducação, está a serviço da dominação, enquanto na perspectivaproblematizadora ele atua na libertação que supera a contradição educadoreducando,a “bancária” mantém a contradição.Freire, num diálogo com Nogueira e Lopes (1996), comenta que:O Corpo Humano exige reflexões daquele teor a que eu denominavaepistemológicas. A corporalidade é um tipo de consciência que se baseianuma inteireza consigo mesma. E isso se expressa, ao desenvolver-se nas

inteirezas. E isso se expressa, ao desenvolver-se, nas interações com osobjetos e com outros Seres Humanos. Não apenas consciência de mimmesmo que me sugere a consciência do entorno, mas penso eu, aconsciência de inteirar-se do Mundo e com o Mundo que me permitecriar noções do “eu consciente”. (p. 19)Em outro sentido, a educação deve configurar-se como um processoapaixonado de conhecer o corpo, o movimento, as emoções, para que, aoconhecê-los, possam ser estabelecidas novas relações com o próprio corpo,com as pessoas e com o mundo, para romper com as amarras na “alegria deviver” como Freire (1993, p. 63), que nos faz um convite: “E a minha entregaà alegria de viver, sem que esconda a existência de razões para tristeza”.Referências: FREIRE, Paulo. Ação cultural para liberdade e outros escritos. 3. ed. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1982; FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991; FREIRE, Paulo.Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. (Coautora e tradutora SandraCosta). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. (Coleção Leitura); FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.19. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983; FREIRE, Paulo. Professora SIM, tia NÃO: cartas a quemousa ensinar. São Paulo: Editora Olho d´Água, 1993; FREIRE, Paulo; NOGUEIRA, A. Que fazer:teoria e prática em educação popular. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1989; FREIRE, Paulo; FREI Beto.Essa escola chamada vida: depoimentos ao repórter Ricardo Kotscho. 2. ed. São Paulo: Ática, 1985;McLAREN, Peter. Rituais na escola: em direção uma economia política de símbolos e gestos naeducação. Petrópolis: Vozes, 1991; MOUNIER, E. O personalismo. Santos/SP: Martins Fontes, 1950;NOGUEIRA, A. (Org.) et al. Reencontar o corpo: ciência, arte, educação e sociedade. Taubaté/SP:GEIC, 1996.

inteirezas. E isso se expressa, ao desenvolver-se, nas interações com os

objetos e com outros Seres Humanos. Não apenas consciência de mim

mesmo que me sugere a consciência do entorno, mas penso eu, a

consciência de inteirar-se do Mundo e com o Mundo que me permite

criar noções do “eu consciente”. (p. 19)

Em outro sentido, a educação deve configurar-se como um processo

apaixonado de conhecer o corpo, o movimento, as emoções, para que, ao

conhecê-los, possam ser estabelecidas novas relações com o próprio corpo,

com as pessoas e com o mundo, para romper com as amarras na “alegria de

viver” como Freire (1993, p. 63), que nos faz um convite: “E a minha entrega

à alegria de viver, sem que esconda a existência de razões para tristeza”.

Referências: FREIRE, Paulo. Ação cultural para liberdade e outros escritos. 3. ed. Rio de Janeiro:

Paz e Terra, 1982; FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991; FREIRE, Paulo.

Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. (Coautora e tradutora Sandra

Costa). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. (Coleção Leitura); FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.

19. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983; FREIRE, Paulo. Professora SIM, tia NÃO: cartas a quem

ousa ensinar. São Paulo: Editora Olho d´Água, 1993; FREIRE, Paulo; NOGUEIRA, A. Que fazer:

teoria e prática em educação popular. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1989; FREIRE, Paulo; FREI Beto.

Essa escola chamada vida: depoimentos ao repórter Ricardo Kotscho. 2. ed. São Paulo: Ática, 1985;

McLAREN, Peter. Rituais na escola: em direção uma economia política de símbolos e gestos na

educação. Petrópolis: Vozes, 1991; MOUNIER, E. O personalismo. Santos/SP: Martins Fontes, 1950;

NOGUEIRA, A. (Org.) et al. Reencontar o corpo: ciência, arte, educação e sociedade. Taubaté/SP:

GEIC, 1996.

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