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CONSCIENTIZAÇÃO

Ana Lúcia Souza de Freitas

Conscientização é um conceito estruturante da concepção e da prática da

educação libertadora (ver verbete). Por ser esta uma centralidade da

produção teórica de Paulo Freire, muitos creditam a ele a criação do termo.

Todavia, na obra Conscientização: Teoria e prática da libertação – uma

introdução ao pensamento de Paulo Freire, o autor atribui a origem do termo

à equipe de professores do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e

a difusão desse à D. Helder Câmara, por traduzi-lo para o inglês e o para o

francês. Na mesma obra, destaca a importância do conceito na constituição de

seu próprio pensamento e refere sua reação ao ouvi-lo pela primeira vez:

“Percebi imediatamente a profundidade de seu significado, porque estou

absolutamente convencido de que a educação, como prática da liberdade, é

um ato de conhecimento, uma aproximação crítica da realidade” (p. 25).

A conscientização, compreendida como processo de criticização das

relações consciência-mundo, é condição para a assunção do

comprometimento humano diante do contexto histórico-social. No processo

de conhecimento, o homem ou a mulher tendem a se comprometer com a

realidade, sendo esta uma possibilidade que está relacionada à práxis

humana. É através da conscientização que os sujeitos assumem seu

compromisso histórico no processo de fazer e refazer o mundo, dentro de

possibilidades concretas, fazendo e refazendo também a si mesmos.

Na mesma obra, o autor esclarece que a conscientização vai além da

tomada de consciência, visto que “a tomada de consciência não é ainda a

conscientização, porque esta consiste no desenvolvimento crítico da tomada

de consciência” (p. 26). A amplitude do conceito também pode ser percebida

na Pedagogia do oprimido, obra em que Paulo Freire afirma que a

conscientização exige o engajamento da ação transformadora que “não pára,

estoicamente, no reconhecimento puro, de caráter subjetivo, da situação, mas,

pelo contrário, prepara os homens, no plano da ação, para a luta contra os

obstáculos à sua humanização” (p. 114). Assim, o comprometimento não é

um ato passivo; implica não apenas a consciência da realidade, mas também

o engajamento na luta para transformá-la.

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