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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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1984, p. 51). É isso que Freire reflete ao tratar da questão da objetividade e

da subjetividade do conhecimento. Há, em seu entender, uma relação

dialética entre objetividade e subjetividade que impede a sua dicotomização.

O descuramento da subjetividade leva ao objetivismo na análise da realidade

ou na ação sobre ela. Já o descuramento da objetividade leva ao subjetivismo

e a posições solipsistas que, por transformar a realidade em criação da

consciência, negam a objetividade e, consequentemente, a possibilidade da

ação. Tanto o objetivismo como o subjetivismo, também chamado de

psicologismo, cai num simplismo ingênuo. Enquanto o primeiro implica um

mundo sem homens, o segundo implica em homens sem mundo (FREIRE,

1983, p. 38-39; 1985, p. 74-75).

Para Freire é preciso resgatar a concepção segundo a qual homens e

mundo estão em constante integração. Assim, pode-se ver que a realidade

social é uma construção dos homens e que pode por eles ser modificada. Esse

processo em que o subjetivo constitui com o objetivo uma unidade dialética é

o que Freire chama de inserção crítica na realidade. A exigência dessa

inserção por parte de quem se encontra, por exemplo, em situação de

opressão está em conformidade com a concepção de que este, o oprimido,

deva ser sujeito de uma pedagogia que deseja ser libertadora. Nesse sentido, a

pedagogia do oprimido é a restauração da intersubjetividade. E o diálogo

constitui, no entender de Freire, um método capaz de desafiar os sujeitos para

um compromisso transformador, uma vez que envolve reflexão e ação.

Na pedagogia dialógica de Freire, o educador e o educando estão diante

de um mundo a ser conhecido e transformado. Realizada como práxis, essa

pedagogia permite que a tomada de consciência da realidade opressora e o

trabalho que visa a sua transformação se realizem como um único e mesmo

processo. Dessa forma, é acrescentada à situação de opressão a consciência

dela. E esse processo de conhecer precisa ser realizado como tarefa coletiva

de homens sujeitos, já que a “busca do Ser Mais [...] não pode realizar-se no

isolamento, no individualismo, mas na comunhão, na solidariedade dos

existires” (FREIRE, 1983, p. 86).

Referências: FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 7. e. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1984; FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 15. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989; FREIRE,

Paulo. Extensão ou comunicação? 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985; FREIRE, Paulo. Pedagogia

do oprimido. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

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