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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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construindo, criando, produzindo a cada passo a própria

multiculturalidade que jamais estará pronta e acabada. A tensão, neste

caso, portanto, é a do inacabamento que se assume como razão de ser da

própria procura e de conflitos não antagônicos e não a criada pelo medo,

pela prepotência, pelo “cansaço existencial”, pela “anestesia histórica” ou

pela vingança que explode, pela desesperação ante a injustiça que parece

perpetuar-se. (Freire, 1992, p. 156)

Uma educação, numa perspectiva libertadora, a que pretende Freire, não

se dando na esfera dos contatos, vai exigir dos homens reflexão na direção do

que denominou tipo de consciência transitiva crítica, assim definida por ele:

“Uma consciência que ressalta a ‘educação dialogal e ativa, voltada para a

responsabilidade social e política, se caracterizando pela profundidade na

interpretação dos problemas’” (FREIRE, 1967, p. 61). Neste sentido, a

conotação de criticidade nos coloca diante da reflexão sobre a necessidade

política, cultural e social de fazermos emergir atitudes contrárias à

discriminação de qualquer natureza, agindo como homens radicais que optam

crítica e amorosamente, sem impor sua opção, mas dispostos a construir

juntos o novo. Homens críticos que dialogam sobre as diversidades das

opções.

Contudo, é apenas na esfera da consciência transitiva crítica que homens

e mulheres conseguem agir com autenticidade, amorosidade e exercitam a

prática do diálogo:

A transitividade crítica por outro lado, a que chegaríamos com uma

educação dialogal e ativa, voltada para a responsabilidade social e

política, se caracteriza pela profundidade na interpretação dos problemas.

Pela substituição de explicações mágicas por princípios causais. Por

procurar testar os “achados” e se dispor sempre a revisões. Por despir-se

ao máximo de preconceitos na análise dos problemas e, na sua apreensão,

esforçar-se por evitar deformações. Por negar a transferência de

responsabilidade. Pela recusa a posições quietistas. Por segurança na

argumentação. Pela prática do diálogo e não da polêmica. (Freire, 1967,

p. 61)

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