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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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CONFLITO

Moacir de Góes

Nos tempos atuais o mundo aparenta não ter mais fronteiras, pois

vivemos todos numa efervescência multicultural sem precedentes na história

da humanidade. A convivência com a diversidade, com o novo, com o

diferente parece ser um dos grandes desafios das próximas gerações. Neste

mundo tecnológico da modernidade, as fronteiras entre os povos tornaram-se

praticamente inexistentes pela real possibilidade de comunicação e interação

entre eles. Com tudo isso acontecendo tão rapidamente, também a

possibilidade de confrontos, conflitos, mais rápida de atingir as pessoas e

provocar debates sobre as diferenças, cresceu significativamente.

Nas obras de Paulo Freire, a “ação dialógica” cria a possibilidade de

comunidades diferentes, que falam línguas diferentes e que possuem religião,

costumes e etnias diferentes, estarem se conhecendo e promovendo a

desconstrução e construção de novos saberes, sem que necessariamente uma

subjugue a outra.

Nas sociedades atuais os homens e as mulheres não acolhem as

diferenças, não conseguem equilibrar seus pontos de vista uma vez que estes

estão de acordo com a lógica imposta pelo neoliberalismo. O verdadeiro caos,

o princípio da desordem na sociedade moderna, é a falta de compreensão e

respeito sobre o diferente. É preciso que busquemos a tolerância.

A tolerância tem uma significação daquilo que é tolerável para cada

sujeito histórico. Freire não nega que nessa dinâmica da ação dialógica com o

diferente, na tentativa de compreensão do outro, possam vir a existir

conflitos, contradições e tensões. Ele reconhece que para a construção

coletiva de uma “relação dialógica” entre as diferentes culturas não se

consegue eliminar essas tensões tão presentes nas relações humanas. Essas

tensões são de natureza divergente, surgem de acordo com a forma como se

encaram os conflitos; dessa forma, encontrando o “inacabamento do homem”

que Freire nos explica:

É a tensão a que se expõe por ser diferentes, nas relações democráticas

em que se promovem. É a tensão de que não podem fugir por se acharem

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