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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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codificação, pois “só o diálogo comunica” (FREIRE, 1976, p. 115). Isto

implica uma relação de simpatia em busca de algo e “só aí há comunicação”

(FREIRE, 1976, p. 115). Esse é o sentido cultural da mediação comunicativa

entre os sujeitos históricos.

Nessa construção conceitual, contextualizada histórica e localmente,

sinaliza como variação do conceito de comunicação a intercomunicação,

esboçando um esquema desta interação dialógica e explicitando os elementos

matriciais da mesma: amor, humildade, esperança, fé, confiança e criticidade.

Percebe-se a construção conceitual contraditória, explicitando matriz e

esquema para o antidiálogo e comunicado, rompendo com a simpatia. Ao

trazer o conteúdo programático da comunicação dialógica para essa rede

conceitual, define também aprendizagem neste processo, ressaltando que suas

experiências educacionais se fundamentam “no aprendizado da informação

através de canais múltiplos de comunicação” (FREIRE, 1976, p. 119, nota de

rodapé). Além disso, na referida obra detalha as fases de elaboração e

execução prática do processo de alfabetização pela conscientização

(conhecida internacionalmente como Método Paulo Freire), explicitando a

essencialidade da interação dialógica, de natureza comunicativa, colaborativa

e desafiadora.

Ressalta, contudo, que a maior dificuldade na aprendizagem desse

procedimento metodológico está na criação de uma nova atitude dialógica, no

âmbito da relação eu-tu, dos dois sujeitos em comunicação. Alerta para a

conversão do tu dessa relação em mero objeto, que implica perversão do

diálogo e transformação da matriz da comunicação em comunicados pautados

pelo par transmissão-recepção. Freire trata do conceito comunicação

dialeticamente com seu par contrário, ou seja, a extensão, em obra específica

(Extensão ou Comunicação) voltado para o contexto científico-tecnológico

(afinal o processo de comunicação humana não pode estar isento dos

condicionamentos socioculturais), especialmente na interação entre

especialista (tecnólogo) e cidadão comum (trabalhador rural). Afirma que,

como educador, precisamos recusar a “domesticação” dos seres humanos,

assumindo que a tarefa educativa é comunicação e não extensão.

A base argumentativa, mesmo neste contexto científico-tecnológico,

continua a mesma: “Todo ato de pensar exige um sujeito que pensa, um

objeto pensado, que mediatiza o primeiro sujeito do segundo, e a

comunicação entre ambos, que se dá através de signos lingüísticos. O mundo

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