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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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e o envolvimento coletivo em um processo de humanização do homem, que

só pode se dar nas atividades coletivas. Ambos construídos dialogicamente,

num processo de problematização que relaciona os fatos da realidade

histórica entre si, com suas causas e efeitos; o simples e o complexo; o local e

o global, o novo e o velho. Nesse momento promove-se a aproximação entre

teoria e prática, permite-se compreender melhor o funcionamento da

sociedade, na medida em que vai desnudando a realidade.

Em suas próprias palavras: “Não há utopia verdadeira fora da tensão entre

a denúncia de um presente tornando-se cada vez mais intolerável e o anúncio

de um futuro a ser criado, construído, política, estética e eticamente, por nós,

mulheres e homens” (FREIRE, 1994, p. 91).

O passo a ser dado, na perspectiva freiriana, pressupõe riscos, porque o

novo não está pronto e acabado, precisa ser construído desde o projeto à

execução. E isso dá medo. Muitas pessoas preferem levar uma vida medíocre

para não correr riscos, não sair da mesmice. Mas a construção do novo exige

ousadia, criatividade, coragem, respeito pelo diferente. Exige romper com

práticas e costumes enraizados. Paulo Freire dizia que a luta de classes é um

dos motores que move o mundo, mas não é o único. E ele, com muita

sabedoria e experiência de libertação coletiva, reservou à capacidade de

sonhar, um motor fundamental na construção histórica de uma nova

sociedade.

Para o desenvolvimento de uma pedagogia da libertação, Paulo Freire não

apresenta em suas obras categorias teóricas puras. Mas podemos destacar

alguns valores e princípios pedagógicos fundamentais. O mais importante

deles, que está presente em quase todas as suas obras, é a dialogicidade,

porque para ele o diálogo é a matriz da democracia. O segundo é o trabalho

coletivo, juntamente com o respeito ao conhecimento-feito na experiência

vivida de cada sujeito: “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho;

as pessoas se educam entre si, mediatizadas pelo mundo”. E ainda, podemos

acrescentar: a ética, a tolerância, a política, a esperança, e a capacidade de

indignação e a autonomia.

Todos esses princípios constituem “tijolos” na construção do

protagonismo e da emancipação popular e não podem ser pensados

isoladamente, mas de forma integrada, totalizante. Esses princípios nos

permitem olhar a vida e as potencialidades humanas em todas as suas

dimensões.

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