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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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presente em toda ação cultural e educativa, é o diálogo: ninguém educa

ninguém; os homens (e as mulheres, dirá Paulo Freire depois) educam-se

numa relação dialógica, de saberes e afetos. O diálogo viabiliza

metodologicamente o movimento da práxis: partir do vivido e do sabido,

discutí-los, criticá-los, ampliá-los, não só para mudar a visão de mundo, mas

transformá-lo.

A partir dessas categorias fundamentais, recoloca-se a função política da

educação, assim como a competência técnica e o compromisso político do

educador, cuja ação deve ser fundamentalmente ética, no respeito ao

educando, que é também educador, e na coerência de sua ação. Esses

elementos definem uma nova pedagogia, a pedagogia de Paulo Freire; ou,

como diz Agostinho Reis Monteiro, uma pedagogia como concepção geral

de educação.

O fundamento antropológico de sua pedagogia é o ser humano como ser

inacabado e de comunicação, e a sua vocação para ser mais. Por isso, o

amor e a esperança são uma necessidade ontológica. Mas a história é uma

possibilidade que se realiza num cenário de politicidade, onde é

impossível a neutralidade. Por consequência, a educação é

fundamentalmente uma questão e uma forma de poder, cuja legitimidade

deve ser problematizada. Daí a centralidade da eticidade da educação.4

Em síntese, a pedagogia de Paulo Freire é revolucionária; é um resgate do

sentido da utopia. E é exatamente sua dimensão ética que lhe confere intensa

atualidade e distinguida importância. Em termos radicais, como diz o mesmo

Agostinho Reis Monteiro, é uma pedagogia do direito à educação. Por isso a

permanência de sua obra e de seu pensamento; por isso, a atualidade de sua

pedagogia.

Referências: FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz

e Terra, 1976; FREIRE, Paulo. Educação e atualidade brasileira. Recife: Edição do autor, 1959.

Republicado por Cortez Editora e Instituto Paulo Freire, em 2001; FREIRE, Paulo. Educação como

prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967; FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação.

Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970 (ICIRA, Santiago do Chile, 1969); FREIRE, Paulo. Pedagogia da

autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996; FREIRE,

Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1992; FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação. São Paulo: UNESP, 2000; FREIRE, Paulo.

Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.

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