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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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A cidadania, em Freire, tem características de coletividade. Como

“ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam

em comunhão” (Freire, 1981, p. 27); da mesma forma a cidadania não se

encontra restrita ao indivíduo. A cidadania se manifesta por meio das relações

sociais, por meio do exercício de produzir coletividade e poder de

relacionamentos continuados em favor da vivência dos direitos e deveres dos

indivíduos nos grupos sociais. Um relacionamento compartilhado e

participativo é condição necessária para o exercício da cidadania.

Freire define a cidadania como “condição de cidadão, quer dizer, com o

uso dos direitos e o direito de ter deveres de cidadão” (1981, p. 45). Os

círculos de cultura nos quais Freire trabalhou no Nordeste brasileiro e

posteriormente no Chile, fomentavam os participantes a conhecerem seus

direitos. Cidadania construída por meio de um processo de conscientização

por meio da codificação, por meio da manifestação da escrita e da palavra da

cultura existente entre as pessoas envolvidas. A cidadania se manifesta pelo

rompimento com o sistema repressivo desaparecendo a relação de

opressor/oprimido.

Cidadania, em Freire também está associada à pronúncia da realidade. “É

a denúncia de um presente tornando-se cada vez mais intolerável e o anúncio

de um futuro a ser criado, construído, política, estética e eticamente, por nós,

mulheres e homens” (FREIRE, 2003, p. 91). A pronúncia da realidade,

denunciando e anunciando, caracteriza o sujeito como sujeito histórico,

atuante e conscientizado de sua realidade. A cidadania se concretiza na

participação transformadora da sociedade. A utilização da manifestação da

palavra, o dizer o mundo, corresponde a ser sujeito, ser cidadão.

Streck, em um capítulo do livro onde caracteriza a cidadania como um

processo de aprendizagem, remete-se a Freire: “Dizer a sua palavra era para

Paulo Freire o mesmo que ser sujeito: ao dizer a palavra, o mundo começa a

ser transformado, num exercício de autonomia e de criação” (2003, p. 129).

A cidadania aparece como expressão de interesses individuais e coletivos das

pessoas que atuam sobre a realidade.

Referências: FREIRE, Paulo. Educação na cidade. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2006; FREIRE, Paulo.

Extensão ou comunicação? 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002; FREIRE, Paulo. Pedagogia da

autonomia: saberes necessários à prática educativa. 20. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001; FREIRE,

Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. 11. ed. São Paulo: Paz e

Terra, 2003; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981;

FREIRE, Paulo. Política e educação. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000; STRECK, Danilo R. Educação

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