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30.05.2021 Views

BONITEZAEuclides RedinEsta dimensão, boniteza, faz parte para Paulo Freire, da concepção davida, bem como amorosidade, bem querer, amizade, solidariedade, utopia,alegria, esperança, estética e genteidade. A vida há que ser bonita, não só avida do indivíduo, mas a realização de um povo.Um dia este país há de se tornar menos feio. Ninguém nasceu para serfeio. Este país será mais bonito na medida em que a gente lutar comalegria e com esperança [...] o que muda é o jeito de brigar. (Depoimentoa uma ONG-CENPE (em “Profissão Professor”)Pensar e ensinar exige estética e ética sem os quais incidiremos em uma“forma altamente negativa e perigosa de pensar errado”. Em Pedagogia daautonomia (1996, p. 32 e 33), Paulo Freire afirma de forma conclusiva:A necessária promoção da ingenuidade a criticidade não pode ou nãodeve ser feita a distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempreda estética. Decência e boniteza de mãos dadas. Cada vez me convençomais de que, desperta com relação à possibilidade de enveredar-se nodescaminho puritanismo, a prática educativa tem de ser, em si, umtestemunho rigoroso de decência e de pureza.A utopia, o inédito viável de que tanto fala, em todos os textos, o sonhopossível não se realizará sem a denuncia da realidade injusta e o anúncio deum mundo melhor:[...] uma das bonitezas do anuncio profético está em que não anuncia oque virá necessariamente, mas o que pode vir, ou não. Na real profecia, ofuturo não é inexorável, é problemático. Há diferentes possibilidades defuturo [...] contra qualquer tipo de fatalismo, o discurso profético insisteno direito que tem o ser humano de comparecer à História não apenascomo seu objeto, mas também como sujeito. O ser humano é,naturalmente, um ser da intervenção no mundo à razão de que faz a

História. Nela, por isso mesmo, deve deixar suas marcas de sujeito e nãopegadas de puro objeto. (Freire, 2000, p. 119)Esta presença ativa do ser humano no mundo e na história exigeconsciência como processo.Presença que se pensa a si mesma, que se sabe presença, que intervem,que transforma, que fala do que faz mas também do que sonha; queconstata, que compara, avalia, valora, que decide, que rompe. E é nodomínio da decisão, da avaliação, da liberdade, da ruptura, da opção, quese instaura a necessidade da ética e se impõe a responsabilidade. (Freire,2000, p. 112)Esta boniteza pode se instalar na educação e na escola. Se nelas se instalara tristeza esta poderá deteriorar a alegria de viver. Viver plenamente a alegriana escola significa mudá-la, significa lutar para incrementar, melhorar,aprofundar a mudança. Numa publicação do Instituto Humanitas Unisinos(IHU) on-line (out. 2002, ano 2, n. 7), o texto de capa sintetiza o pensamentode Paulo Freire sobre a boniteza na Escola:Escola é...o lugar onde se faz amigos,não se trata só de prédios, salas, quadros,programas, horários, conceitos...Escola é, sobretudo, gente,gente que trabalha, que estuda,que se alegra, se conhece, se estima.O diretor é gente,O coordenador é gente, o professor é gente,o aluno é gente,cada funcionário é gente.E a escola será cada vez melhorna medida que cada umse comporte como colega, amigo, irmão.Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”.

BONITEZA

Euclides Redin

Esta dimensão, boniteza, faz parte para Paulo Freire, da concepção da

vida, bem como amorosidade, bem querer, amizade, solidariedade, utopia,

alegria, esperança, estética e genteidade. A vida há que ser bonita, não só a

vida do indivíduo, mas a realização de um povo.

Um dia este país há de se tornar menos feio. Ninguém nasceu para ser

feio. Este país será mais bonito na medida em que a gente lutar com

alegria e com esperança [...] o que muda é o jeito de brigar. (Depoimento

a uma ONG-CENPE (em “Profissão Professor”)

Pensar e ensinar exige estética e ética sem os quais incidiremos em uma

“forma altamente negativa e perigosa de pensar errado”. Em Pedagogia da

autonomia (1996, p. 32 e 33), Paulo Freire afirma de forma conclusiva:

A necessária promoção da ingenuidade a criticidade não pode ou não

deve ser feita a distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre

da estética. Decência e boniteza de mãos dadas. Cada vez me convenço

mais de que, desperta com relação à possibilidade de enveredar-se no

descaminho puritanismo, a prática educativa tem de ser, em si, um

testemunho rigoroso de decência e de pureza.

A utopia, o inédito viável de que tanto fala, em todos os textos, o sonho

possível não se realizará sem a denuncia da realidade injusta e o anúncio de

um mundo melhor:

[...] uma das bonitezas do anuncio profético está em que não anuncia o

que virá necessariamente, mas o que pode vir, ou não. Na real profecia, o

futuro não é inexorável, é problemático. Há diferentes possibilidades de

futuro [...] contra qualquer tipo de fatalismo, o discurso profético insiste

no direito que tem o ser humano de comparecer à História não apenas

como seu objeto, mas também como sujeito. O ser humano é,

naturalmente, um ser da intervenção no mundo à razão de que faz a

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