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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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que, para dominar, se esforçam por deter a ânsia de busca, a inquietação,

o poder de criar, que caracterizam a vida, os opressores matam a vida.

(Freire, 1996, p. 47)

Nesse contexto da cultura da dominação (necrófila e desumanizadora), os

opressores vão se apropriando de tudo o que tiver a seu alcance para ampliar

o poder de dominação. Apropriam-se da ciência, das tecnologias, das

riquezas, dos sistemas políticos, da educação e utilizam tudo como

instrumento para o fim último de manter a ordem opressora.

O desafio da libertação, segundo Freire, tem seu ponto de partida nos

oprimidos que devem lutar para que, superando a condição de oprimidos,

libertem a si e aos opressores. Uma cultura da libertação jamais irá emergir

na história a partir dos opressores. Aos oprimidos se impõe o desafio da

libertação. Tal desafio requer que já no processo de organização e luta pela

humanização do mundo,

Os oprimidos que se “formam” no amor à morte, que caracteriza o clima

da opressão, devem encontrar, na sua luta, o caminho do amor à vida,

que não está apenas no comer mais, se bem que o implique também e dele

não possa prescindir. (Freire, 1993, p. 55)

Da mesma forma, Freire ressalta que o processo de libertação, coerente

com o desafio de construir uma nova humanidade, exige das lideranças que

estão na luta e de todos aqueles que se solidarizam e lutam com os oprimidos

por um mundo melhor, solidário e justo, a coragem e o amor à vida. Nesse

contexto é fundamental o encontro humilde, dialógico e esperançoso entre

povo e liderança, educador e educandos, pois

Nem todos temos a coragem deste encontro e nos enrijecemos no

desencontro, no qual transformamos os outros em puros objetos. E, ao

assim procedermos, nos tornamos necrófilos, em lugar de biófilos.

Matamos a vida em lugar de alimentarmos a vida. Em lugar de buscá-la,

corremos dela. (Freire, 1993, p. 136)

Portanto, segundo Freire, é fundamental que cultivemos, na luta pela

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