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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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B

BIOFILIA/NECROFILIA

Jaime José Zitkoski

É na reflexão sobre a cultura da opressão e sobre o desvelamento de suas

práticas efetivas no conjunto da sociedade e a necessária superação desta por

um novo ethos cultural (humanista/libertador), que Freire trabalha a tensão

entre biofilia-necrofilia. Igualmente, é na Pedagogia do oprimido que

desponta, de forma mais explícita, o binômio biofilia-necrofilia. Esse

binômio está diretamente relacionado com o desafio de construirmos uma

educação libertadora como caminho para uma práxis social transformadora.

Partindo de Eric Fromm (1981), Freire formula o que entende por ambos

os termos e os contextualiza na análise sobre os processos de desumanização

social e cultural que se reproduzem na Educação Bancária, por exemplo:

Dela, que parte de uma compreensão falsa dos homens – reduzidos a

meras coisas –, não se pode esperar que provoque o desenvolvimento do

que Fromm chama de biofilia, mas o desenvolvimento de seu contrário, a

necrofilia. (Freire, 1993, p. 65)

O núcleo central da cultura opressora produz e reproduz a lógica

desumanizadora da vida em sociedade. Tal lógica está materializada nas

diferentes dimensões da existência humana: econômica, política, cultural,

educacional, religiosa, etc. Segundo Freire, a tendência dos opressores de

controlar tudo e todos faz dos seres humanos meras coisas, objetos do

sadismo, o que caracteriza um impulso para a morte. Ou seja,

O sadismo aparece, assim como uma das características da consciência

opressora, na sua visão necrófila do mundo. Por isto é que o seu amor é

um amor às avessas – um amor à morte e não à vida. [...] Na medida em

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