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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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[...] no movimento contraditório entre coercibilidade necessária da autoridade

e a busca desperta da liberdade”. Mas é autoritária a atitude da autoridade que

se hipertrofia e sua ação “imobiliza ou distorce [...] o movimento da

liberdade. A liberdade imobilizada por uma autoridade [...] chantagista [...] se

perde na falsidade de movimentos inautênticos” (FREIRE, 1993, p. 118).

Para pensar o autoritarismo, Freire parte de uma constatação: o diálogo

proposto pelas elites é vertical, forma o educando passivo, impossibilitando-o

de reação e criação, ao impor silêncio e obediência. E a passagem da

consciência ingênua à crítica requer percurso em que o educando vai

rejeitando a hospedagem do opressor dentro de si (LIMA, 1998, p. 15). Freire

(1982) avança na demarcação conceitual em torno de suas concepções acerca

de diferenças entre a pedagogia do colonizador e a pedagogia do oprimido,

momento em que a sua ótica de classe é explicitada e a pedagogia burguesa e

colonizadora é bancária. A consciência do oprimido encontra-se imersa no

mundo organizado pelo opressor, um mundo sustentado pelo autoritarismo,

razão pela qual há uma duplicidade que o envolve: por um lado, o opressor

encontra-se hospedado na consciência do dominado, o que produz medo de

ser livre e, por outro, há o desejo e a necessidade de liberdade.

Para Freire, os consensos fáceis, não pouco citados a partir de práticas

sob perspectiva freiriana, não conseguem negar a tensão dialética entre a

liberdade de ser e as condições de possibilidade à construção de espaços e

tempos livres ante o imperativo e ontológico apelo ao encontro na

constituição de novas relações sociais, do que é possível afirmar a

possibilidade da geração de alternativas pedagógicas capazes de produzir

jeito novo de organizar a vida. É tensão verificável na sociedade atual, que

oscila entre a imposição da disciplina que nega a liberdade e a ausência de

disciplina pela negação da autoridade. Para Freire, somente para concepções

e práticas autoritárias e licenciosas “o ato educativo é tarefa enfadonha. Para

educadores e educadoras democráticos o ato de ensinar, de aprender, de

estudar são que-fazeres exigentes, sérios”, mas não autoritários. É por isso

que a satisfação com que se põe em “face dos alunos, a segurança com que

lhes fala, a abertura com que os ouve, a justiça com que lida com seus

problemas fazem do educador democrata um modelo. Sua autoridade se

afirma sem desrespeitar as liberdades.” Educador democrata não pode

acanhar a sua autoridade ou atrofiar a liberdade do educando: “a força do

educador democrata está na sua coerência exemplar [...]. Desserve mais do

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