30.05.2021 Views

Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

humanidade se organiza.

Enfim, Freire constitui o conceito de autoridade com o propósito de

demarcar, pedagógica e politicamente, posição a favor da superação de

autoritarismos e licenciosidades.

Expondo o tema da autoridade, recorrentemente Freire refere-se à

imperativa superação do autoritarismo e da licenciosidade. E para refletir a

relação entre liberdade e autoridade é central considerar a organização social

que nega a liberdade de ser sujeito a muitas pessoas. Freire fala que o

“mundo da cultura que se alonga em mundo da história é um mundo de

liberdade, de opção, de decisão, mundo de possibilidade em que a decência

pode ser negada, a liberdade ofendida e recusada” (1997, p. 62).

Na luta contra o determinismo como acima anunciado, para Freire a

autoridade se legitima ao possibilitar a instalação de condições para a

construção da autonomia séria, competente, comprometida e crítica, o que

torna possível afirmar que a autoridade tem a indispensável presença na

formação dos educandos, na perspectiva de fazer crescer e de ajudar o outro

a se tornar autor da história. Mas a autoridade, quando confundida com

autoritarismo e com licenciosidade, pode ser presença negativa, isto é, a

presença que inibe a busca inquieta do educando, a que nega a possibilidade

da curiosidade. Mas a mesma autoridade, conforme Freire, pode ser presença

desafiadora, competente e ética capaz de produzir formação autônoma,

comprometida com a construção de uma vida digna para todos.

Cabe, ainda, dar destaque à recorrente discussão acerca da autoridade na

biobibliografia de Freire, ou seja, é uma discussão que Freire assume desde

os anos 70, ratificada nos anos 1980 e 1990. A primeira e mais sólida fase de

sua reflexão pode ser lida na Pedagogia do oprimido: “O educador identifica

a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe

antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às

determinações daquele...” (1982, p. 34). Ou, como adiante aparece: “A teoria

dialógica da ação nega o autoritarismo como nega a licenciosidade. E, ao

fazê-lo, afirma a autoridade e a liberdade” (p. 103). Da mesma forma, ao

retornar ao Brasil, reafirma a autoridade que havia defendido nos anos 1970,

asseverando:

[...] uma situação dialógica implica a ausência do autoritarismo. O

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!