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Arquivo <strong>Revista</strong><br />
humana, o qual o homem ama mais<br />
do que todo o resto, porque todas<br />
as suas apetências se dirigem para<br />
aquilo. E o ama apaixonadamente<br />
quando tem clareza de noção de<br />
que aquilo de que ele gosta e, sobretudo,<br />
sente, está ameaçado. Aí a paixão<br />
pode pegar fogo e fazer um homem<br />
mole como uma arara ser capaz<br />
de voar como uma águia.<br />
Como amar a Deus<br />
apaixonadamente<br />
Como fazer com que nossas almas<br />
se voltem para Deus de modo a<br />
amá-Lo apaixonadamente?<br />
É da seguinte maneira:<br />
O homem, pelo princípio da semelhança,<br />
tem o desejo de conhecer<br />
e entrar em contato com pessoas<br />
que possuam uma alma semelhante<br />
à dele. E quanto mais a alma é semelhante,<br />
tanto mais ele gosta<br />
daquela pessoa. E se essa<br />
semelhança é notável, pode<br />
dar num verdadeiro entusiasmo,<br />
numa amizade modelar, de<br />
modo que um encontra no outro<br />
uma espécie de identidade<br />
com o ideal que ele mesmo tem.<br />
Então, ambos se estimam.<br />
A pessoa que tem a noção do<br />
ensinamento da Igreja Católica<br />
sobre o Sagrado Coração de Jesus,<br />
conhece boas imagens que lhe proporcionam<br />
uma ideia de como Ele<br />
possa ter sido, percebe ser o Coração<br />
de Jesus feito para que todos se<br />
apaixonem por Ele. Porque, como<br />
Nosso Senhor possui todas as perfeições,<br />
todos os homens podem encontrar<br />
n’Ele o seu modelo divino e<br />
a perfeição que gostariam de ter, e de<br />
manter com Ele relações cotidianas.<br />
Então, a pessoa que tem a felicidade<br />
de conhecer a Nosso Senhor<br />
Jesus Cristo, o Qual no trato com<br />
ela a faz notar quanto Ele é o<br />
seu arquétipo, a sua plenitude,<br />
e como o indivíduo que não<br />
O conhece é nada, uma poeira,<br />
aquela pessoa naturalmente<br />
se volta para o Coração<br />
de Jesus com amor<br />
apaixonado.<br />
“O Coração que tanto<br />
amou os homens e por<br />
eles foi tão pouco amado”<br />
Foi o que eu conheci em Dona<br />
Lucilia.<br />
No teto da Igreja do Coração<br />
de Jesus, em São Paulo, está<br />
pintada uma cena de Nosso<br />
Senhor dentro de uma<br />
capelinha, aparecendo<br />
em meio a umas nuvens<br />
sobre o altar, e dirigindo-<br />
-Se para uma freira ajoelhada<br />
aos seus pés, Santa<br />
Margarida Alacoque,<br />
uma camponesa francesa<br />
a qual se fez religiosa e que,<br />
em consequência, tinha uma cultura<br />
e uma inteligência maiores do que<br />
uma camponesa comum.<br />
O Divino Salvador lhe mostra, no<br />
seu peito aberto, o Coração d’Ele,<br />
com um gesto muito bonito, de um<br />
rei ostentando a sua condecoração,<br />
e diz: “Minha filha, eis aí o Coração<br />
que tanto amou os homens e por<br />
eles foi tão pouco amado!”<br />
É a censura que Nosso Senhor<br />
faz, porque Ele ama os homens com<br />
amor infinito, e os homens O amam<br />
tão pouco.<br />
Ao fitar a freira, Ele olha o gênero<br />
humano; Jesus tem pena dela como<br />
tem pena de todos os homens. E<br />
cada pessoa que olhasse para Nosso<br />
Senhor, contemplasse a Alma d’Ele,<br />
teria uma compreensão perfeita de<br />
que o Redentor a ama de tal maneira<br />
a esgotar todo o desejo de ser amado<br />
que num homem possa haver.<br />
Naturalmente isso não é assim<br />
com a amizade terrena, na qual há<br />
Luis C.R. Abreu<br />
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