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zão de todas as suas bondades para<br />
com os homens; é essa a força que<br />
nos atrai quando a Ela acudimos e<br />
o bálsamo que nos conforta quando<br />
A imploramos, na certeza de sermos<br />
socorridos.<br />
É porque no peito de Maria palpitava<br />
um Coração tão semelhante ao<br />
seu que o Coração de Jesus, à hora<br />
da Morte no Calvário, no-La deu por<br />
Mãe: “Ecce Mater tua”, e a Ela nos<br />
entregou por filhos: “Ecce filius tuus”.<br />
Se de São Paulo se afirmou que tinha<br />
um coração parecido ao de Cristo:<br />
cor Pauli, Cor Christi, muito mais<br />
e melhor que ninguém tem direito a<br />
este encômio supremo Maria Santíssima:<br />
Cor Mariæ, Cor Iesu.<br />
É porque em seu peito continua<br />
lá no Céu a pulsar o mesmo Coração<br />
dulcíssimo e amantíssimo, que a<br />
Santa Igreja, nas horas aflitivas, nos<br />
manda acudir a Maria, seguros de<br />
obtermos sempre pronto socorro.<br />
“Quem considerar atentamente os<br />
anais da Igreja Católica – escrevia<br />
o saudoso Pontífice Pio XI<br />
–, verá facilmente unido a todos<br />
os fastos do nome cristão<br />
o valioso patrocínio da Virgem<br />
Mãe de Deus. E na verdade,<br />
quando os erros, grassando por<br />
toda parte, procuravam dilacerar<br />
a túnica inconsútil da Igreja<br />
e subverter o mundo católico,<br />
Àquela que ‘sozinha destruiu<br />
todas as heresias do mundo<br />
inteiro’ 1 acudiram nossos<br />
pais e se dirigiram com o coração<br />
cheio de confiança; e a vitória<br />
por Ela obtida trouxe-lhes<br />
tempos mais felizes.”<br />
Quando a impiedade muçulmana,<br />
confiada em potentes armadas<br />
e grandes exércitos, ameaçava<br />
arruinar e escravizar os<br />
povos da Europa, foi implorada<br />
instantissimamente, por conselho<br />
do Sumo Pontífice, a proteção<br />
da Mãe Celeste; deste modo<br />
foram destruídos os inimigos<br />
e submergidas as suas naus.<br />
E tanto nas calamidades públicas<br />
como nas necessidades particulares,<br />
têm acudido à Maria, suplicantes,<br />
os fiéis de todos os tempos, para<br />
que Ela venha benignissimamente<br />
em seu socorro, obtendo-lhes o<br />
alívio e remédio dos males do corpo<br />
e da alma. E jamais seu poderosíssimo<br />
socorro foi esperado em vão<br />
por aqueles que o imploram em prece<br />
confiante e piedosa.<br />
Que Nossa Senhora nos faça<br />
como que desaparecer n’Ela<br />
Com toda a razão, portanto, nas<br />
horas difíceis em que hoje vivemos,<br />
todas as nossas esperanças de salvação,<br />
de triunfos e de paz estão postas<br />
nesta Arca de salvação: no Coração<br />
de Maria.<br />
“A mim, o mínimo dos santos, foi-<br />
-me dada esta graça de evangelizar<br />
às gentes as investigáveis riquezas de<br />
Cristo” (Ef 3, 8), dizia São Paulo.<br />
Última Ceia - Convento Mãe de Deus, Lisboa<br />
Uma das mais insondáveis riquezas<br />
que nos legou Cristo foi o Coração<br />
de sua Mãe. Ah, se nos fora dado<br />
carisma parecido ao do Apóstolo<br />
de evangelizarmos aos nossos leitores<br />
toda a profundeza, longitude e<br />
latitude, todos os abismos preciosos<br />
de amor encerrados no Coração de<br />
Maria!<br />
Um erudito e piedoso autor dizia,<br />
ao escrever sobre o Coração da<br />
Mãe de Deus, que ambicionava para<br />
si poder reclinar-se, como outrora<br />
São João Evangelista na última Ceia<br />
sobre o peito do Senhor, também sobre<br />
o peito de Maria para, depois de<br />
escutar as palpitações de seu Coração,<br />
conseguir mais facilmente dizer<br />
desses segredos de amor.<br />
As nossas ambições vão mais longe<br />
neste instante: quiséramos não somente<br />
reclinar a cabeça sobre o Coração<br />
Imaculado de nossa Mãe do<br />
Céu, mas poder estabelecer lá dentro<br />
a nossa morada para que, iluminados<br />
nessa luz, virginizados nessa<br />
pureza e inflamados nas chamas<br />
dessa caridade, tudo o que<br />
Flávio Lourenço<br />
disséssemos fossem palavras de<br />
luz e fogo a brotar da abundância<br />
desse Coração inefável.<br />
Que Ela nos acolha nesse<br />
recôndito de amor, nos faça<br />
aí como que desaparecer<br />
n’Ela, para que afinal seja Maria<br />
quem diga de Si mesma,<br />
pelo débil instrumento que todo<br />
se Lhe consagra, as maravilhas<br />
do seu Coração.<br />
Que seja aí também que<br />
os nossos leitores coloquem a<br />
sua mansão, para nessa escola<br />
e a essa luz melhor compreenderem<br />
a obra-prima do Senhor.<br />
v<br />
(Extraído de O Legionário<br />
n. 555, 28/3/1943)<br />
1) Cf. Breviário Romano.<br />
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